A Petrobras e a Yara assinaram um acordo de industrialização de ureia para produção e comercialização de Arla 32 a ser produzido na fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados (ANSA), subsidiária integral da Petrobras no Paraná.
O acordo envolve o fornecimento de ureia pela Yara, para fabricação do Arla 32 na Ansa, com posterior comercialização pela Yara. “O processo de industrialização será realizado em paralelo às atividades de retomada integral da operação da fábrica de Araucária”, disse a Petrobras, nesta segunda (18/11).
“Este acordo permitirá a retomada da produção nacional do produto, que atualmente é importado”, diz a empresa. A Petrobras hibernou e tentou, sem sucesso, vender a Ansa em 2020. Em junho, anunciou investimentos de R$ 870 milhões para retomar as operações em maio de 2025.
Acordo anterior para industrialização de gás
Esse é o segundo acordo de industrialização — também chamado de tolling — anunciado pela Petrobras na área de fertilizantes. Em 2023, tentou um contrato de industrialização de gás natural com a Unigel, para fabricação de fertilizantes nitrogenados, que acabou investigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O acordo foi encerrado este ano, sem entrar em vigor.
As plantas operadas pela Unigel na Bahia e em Sergipe são da própria Petrobras e estão arrendadas desde 2020, por dez anos. Em crise, a Unigel entrou em recuperação judicial e interrompeu a produção, sob a justificativa que os preços do gás natural no Brasil inviabilizam o negócio.
Com a interrupção da operação na Bahia, o Brasil deixou de produzir Arla 32, obtido a partir de ureia de alta pureza. O mercado já era deficitário e passou a depender integralmente de importações.
O Arla 32, ou Agente Redutor Líquido Automotivo, é um aditivo obrigatório para caminhões produzidos a partir de 2012, quando entraram em vigor as exigências da 7ª fase do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). É necessário para a redução de emissões de óxidos de nitrogênio (NOx), poluente nocivo à saúde e ao meio ambiente.
Ao contrário das plantas de fertilizantes da Bahia e Sergipe, arrendadas para a Unigel, a Ansa produz amônia a partir de resíduos asfálticos e não apenas gás natural. A capacidade de produção antes da hibernação era de 1,30 tonelada por dia de amônia, boa parte destinada à produção de ureia (1,98 t/dia), além de 450 m³/dia de Arla 32.
Retorno da Petrobras para do setor de fertilizantes
- A partir de 2017, no governo de Michel Temer, a Petrobras decidiu encerrar suas atividades na produção de fertilizantes.
- Entre 2019 e 2020, no governo de Jair Bolsonaro, arrendou as fábricas de Laranjeiras (SE) e Camaçari (BA) para a Unigel em contratos de dez anos, prorrogáveis por mais dez. As unidades fecharam entre 2023 e 2024, durante a recuperação judicial da Unigel.
- Tentou vender, sem sucesso, a Araucária Nitrogenados (ANSA), no Paraná, mantida hibernada desde 2020. E a fábrica de fertilizantes de Três Lagoas (UFN-3), no Mato Grosso do Sul, que teve suas obras interrompidas em 2014.
- Em 2024, o conselho da Petrobras anunciou investimentos de R$ 870 milhões para retomada da operação da Ansa em 2025; e de R$ 3,5 bilhões para conclusão das obras e início da operação em Três Lagoas, em 2028.
Acordos entre Petrobras e Yara
Além do acordo para industrialização da ureia fornecida pela Yara, a Petrobras assinou um termo de cooperação técnica para desenvolver estudos conjuntos nas áreas de fertilizantes e produtos industriais correlatos, incluindo projetos de descarbonização e produção de fertilizantes renováveis e de baixa intensidade de carbono.
Fundada na Noruega, a Yara possui três unidades de produção Brasil, em Ponta Grossa (PR) e Cubatão e Paulínia, ambas em São Paulo.
Em julho, a Petrobras assinou um Master Agreement com a Yara Brasil Fertilizantes para estruturar potenciais parcerias de negócios no segmento de fertilizantes, produção de produtos industriais e descarbonização, desdobramento de um Memorando de Entendimentos (MoU) assinado em fevereiro.