Último no ranking

Meio ambiente está na última posição de assuntos mais consumidos no Brasil, mostra pesquisa

Entrevistados apontam que informações são difíceis de encontrar e, em muitos casos, conteúdos são longos e pouco objetivos

Reserva florestal Adolpho Ducke, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia — INPA (Foto Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Reserva florestal Adolpho Ducke, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia — INPA (Foto Tânia Rêgo/Agência Brasil)

O termo “sustentabilidade” gerou cerca de 18 milhões de conteúdos no Google Brasil no último ano, mas as pautas ambientais ocupam a última posição no ranking dos assuntos mais buscados de forma ativa no país, mostra uma pesquisa da Bulbe Energia.

O levantamento divulgado nesta quinta (5/6) — em uma ação para o Dia Mundial do Meio Ambiente — entrevistou 500 pessoas de diferentes setores produtivos, faixas etárias e regiões do país.

Uma das conclusões é que, no momento, menos da metade dos participantes (42,6%) consome regularmente conteúdos sobre meio ambiente e sustentabilidade — o menor percentual de adesão entre os dez temas avaliados.

Saúde e bem-estar lideram o ranking, com 70,2% de adesão, seguidos por finanças pessoais (66%) e esportes (65,4%). Já a sustentabilidade ambiental fica à margem do consumo espontâneo de notícias e conteúdos nas redes sociais, jornais e demais meios de comunicação.

O baixo engajamento tem motivos claros: 27,6% dos entrevistados indicam que informações sobre meio ambiente “circulam pouco no dia a dia” ou são difíceis de encontrar. Enquanto quase 19% apontam que, no geral, as fontes são consideradas pouco confiáveis ou contraditórias.

O formato e a linguagem também afastam parte do público. 16% classificam conteúdos voltados ao ambiental como longos, densos ou pouco objetivos, enquanto 12,2% reclamam da ausência de exemplos práticos ou recursos visuais que facilitem a compreensão.

Além disso, um em cada quatro brasileiros entrevistados se consideram mal informados sobre meio ambiente (incluí os que se classificam como nada, pouco ou razoavelmente informados).

“Na prática, conforme comprovam as experiências dos entrevistados, o interesse sobre questões ambientais tende a surgir principalmente em momentos de crise, como desastres naturais ou impactos diretos no dia a dia das pessoas”, explica o estudo.

“Fora essas situações, o contato com o tema costuma aparecer de forma passageira e superficial, muitas vezes por meio do consumo de filmes, séries ou conteúdos virais nas redes sociais — formatos que até atraem a atenção momentânea, mas raramente promovem um engajamento contínuo ou aprofundado”, completa.

Repertório limitado

A pesquisa também analisou o conhecimento sobre termos-chave na agenda de sustentabilidade, como pegada de carbono, ciclo da água e combustíveis fósseis, entre outros, e descobriu baixa presença no “repertório ambiental” dos brasileiros.

Embora façam parte do ensino básico, a maior parte da população não lembra mais desses conceitos com clareza. Para 43% dos entrevistados houve pouco ou nenhum contato com temas ambientais na época da escola, seja por abordagens superficiais ou ausência total no currículo.

Depois de formados, o contato com esses temas ocorre principalmente por meio da mídia, redes sociais e experiências cotidianas, enquanto a educação formal representa uma parcela menor desse conhecimento.

André Mendonça, diretor de Operações da Bulbe, observa que isso ajuda a explicar por que tantos brasileiros ainda têm dificuldade de compreender a gravidade da crise climática.

“Muitos desses conceitos são complexos e pouco contextualizados no cotidiano das pessoas, o que dificulta o entendimento e, consequentemente, a percepção dos impactos reais dessas questões no planeta. Essa falta de familiaridade contribui para que a urgência das mudanças climáticas não seja plenamente compreendida pela população”, aponta.

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