RIO — A ExxonMobil e a Petronas anunciaram, separadamente, apoio a projetos de estudo de captura de carbono em ecossistemas costeiros no Brasil.
No caso da ExxonMobil, a iniciativa vai avaliar o potencial de sequestro de carbono em manguezais, recifes de corais e gramas marinhas, localizados em estados como Pará, Ceará, Alagoas, Bahia e Rio de Janeiro.
O projeto, com duração de quatro anos e um investimento de R$ 28 milhões, é financiado por meio da cláusula de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e envolve instituições como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal do Ceará (UFC).
Paralelamente, o projeto BlueShore — Florestas de Carbono Azul para mitigação de mudanças climáticas offshore, desenvolvido pelo Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI – Research Centre for Greenhouse Gas Innovation, em inglês), com aporte de R$ 8 milhões da Petronas Petróleo Brasil, busca entender o potencial de captura de carbono dos manguezais brasileiros.
O estudo conta com uma parceria da ESALQ-USP com a UFC, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Instituto de Biologia da USP (IB-USP), Instituto de Energia e Ambiente da USP (IEE-USP), entre outras.
Recentemente, a TotalEnergies e a QatarEnergy também lançaram o projeto MARES, com a Universidade de São Paulo (USP), para restauração de manguezais, com um estudo de caso no sítio Cananéia (SP).
Por que o interesse pelos manguezais?
O Brasil é o segundo país com maior área de florestas de manguezais no mundo, cobrindo pouco mais de 1 milhão de hectares.
Segundo Tiago Osório Ferreira, coordenador do projeto BlueShore e professor do Departamento de Ciência do Solo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), as florestas de manguezais têm o potencial de capturar de três a cinco vezes mais carbono por hectare do que a Floresta Amazônica.
Sendo assim, seria um dos ecossistemas mais eficientes na captura de carbono, desempenhando um papel crucial na remoção de gases de efeito estufa e na mitigação das mudanças climáticas, o que poderia, eventualmente, contribuir para a compensação de emissões de atividades da indústria de óleo e gás, explica o professor.