Créditos de carbono

Amazônia Legal pode faturar US$ 320 bi com mercado de carbono, estima indústria

Desenvolvimento sustentável da Amazônia poderia aumentar em 19% os estoques de carbono, além de criar 312 mil empregos

Conteúdo Especial

Sobrevoo na Floresta Nacional de Carajás, em Parauapebas (PA), na Amazônia Oriental (Foto TV Brasil)
Sobrevoo na Floresta Nacional de Carajás, em Parauapebas (PA), na Amazônia Oriental (Foto TV Brasil)

BELO HORIZONTE — A Amazônia Legal tem um potencial de US$ 320 bilhões em receitas nos próximos 30 anos com mercados de carbono, sob as regras do merco legal aprovado há cerca de um ano, projeta o relatório Legacy Report da Sustainable Business COP (.pdf), da Sustainable Business COP (SB COP), iniciativa do empresariado que debate o papel das empresas para alcançar as metas climáticas.

O documento foi lançado nesta segunda-feira (10/11) na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30).

No ano passado, foi sancionada a lei 15.042/2024, que institui o mercado regulado de carbono no Brasil. Com a legislação, esse mercado passou a ser regulado por meio de um sistema de cap-and-trade, em que fontes emissoras deverão respeitar limites de emissão ou compensar por meio da aquisição de créditos de carbono.

Segundo o relatório, o mercado de carbono pode impulsionar diversas práticas sustentáveis na região amazônica.

“Esse mercado é uma estratégia global de apoio à agenda climática, ao criar um mecanismo que atribui valor econômico a atividades que promovem a mitigação de emissões de gases de efeito estufa — os créditos de carbono”, afirma.

O mecanismo funciona com cada crédito representando a remoção ou redução de uma tonelada de CO₂ da atmosfera. Por isso, a região amazônica é considerada de grande potencial para a geração de créditos, uma vez que a vegetação captura naturalmente o carbono da atmosfera.

De acordo com o estudo Carbon and the Fate of the Amazon, da Amazon 2030, a precificação dos créditos é um indicador de atratividade econômica para produtores locais adotarem ou não o mecanismo. 

“Por um valor mínimo de US$ 20/tCO₂, a Amazônia poderia capturar cerca de 16 GtCO₂ nos próximos 30 anos e gerar US$ 320 bilhões em receita. Para efeito de comparação, o mercado europeu já ultrapassou € 100/tCO₂, enquanto as emissões globais projetadas para 2024 alcançam 37,4 GtCO₂, reforçando a probabilidade de realização desses resultados e a relevância deles no cenário internacional”, aponta o relatório da SB COP, com base em análise da Deloitte.

O documento também projeta que o desenvolvimento sustentável da Amazônia poderia aumentar em 19% os estoques de carbono, além de criar 312 mil empregos e movimentar R$ 40 bilhões em PIB até 2050.

“O documento não encerra o debate, mas marca uma etapa fundamental. Ele orienta os próximos passos e reforça a necessidade de um compromisso permanente, com visão de futuro e união entre os diferentes setores da sociedade, para que o Brasil atinja todo o seu potencial”, comenta o chair da SB COP, Ricardo Mussa.

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