BELO HORIZONTE — A Amazônia Legal tem um potencial de US$ 320 bilhões em receitas nos próximos 30 anos com mercados de carbono, sob as regras do merco legal aprovado há cerca de um ano, projeta o relatório Legacy Report da Sustainable Business COP (.pdf), da Sustainable Business COP (SB COP), iniciativa do empresariado que debate o papel das empresas para alcançar as metas climáticas.
O documento foi lançado nesta segunda-feira (10/11) na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30).
No ano passado, foi sancionada a lei 15.042/2024, que institui o mercado regulado de carbono no Brasil. Com a legislação, esse mercado passou a ser regulado por meio de um sistema de cap-and-trade, em que fontes emissoras deverão respeitar limites de emissão ou compensar por meio da aquisição de créditos de carbono.
Segundo o relatório, o mercado de carbono pode impulsionar diversas práticas sustentáveis na região amazônica.
“Esse mercado é uma estratégia global de apoio à agenda climática, ao criar um mecanismo que atribui valor econômico a atividades que promovem a mitigação de emissões de gases de efeito estufa — os créditos de carbono”, afirma.
O mecanismo funciona com cada crédito representando a remoção ou redução de uma tonelada de CO₂ da atmosfera. Por isso, a região amazônica é considerada de grande potencial para a geração de créditos, uma vez que a vegetação captura naturalmente o carbono da atmosfera.
De acordo com o estudo Carbon and the Fate of the Amazon, da Amazon 2030, a precificação dos créditos é um indicador de atratividade econômica para produtores locais adotarem ou não o mecanismo.
“Por um valor mínimo de US$ 20/tCO₂, a Amazônia poderia capturar cerca de 16 GtCO₂ nos próximos 30 anos e gerar US$ 320 bilhões em receita. Para efeito de comparação, o mercado europeu já ultrapassou € 100/tCO₂, enquanto as emissões globais projetadas para 2024 alcançam 37,4 GtCO₂, reforçando a probabilidade de realização desses resultados e a relevância deles no cenário internacional”, aponta o relatório da SB COP, com base em análise da Deloitte.
O documento também projeta que o desenvolvimento sustentável da Amazônia poderia aumentar em 19% os estoques de carbono, além de criar 312 mil empregos e movimentar R$ 40 bilhões em PIB até 2050.
“O documento não encerra o debate, mas marca uma etapa fundamental. Ele orienta os próximos passos e reforça a necessidade de um compromisso permanente, com visão de futuro e união entre os diferentes setores da sociedade, para que o Brasil atinja todo o seu potencial”, comenta o chair da SB COP, Ricardo Mussa.