Sem tratado

Acordo para combater poluição por plásticos fracassa em Genebra

Negociações sobre tratado internacional juridicamente vinculativo para reduzir a proliferação de plásticos terminam sem consenso — de novo

Acordo para combater poluição por plásticos fracassa em Genebra (Foto: Florian Fussstetter/ UNEP)
Segunda parte das negociações sobre o tratado internacional contra poluição por plásticos (Foto: Florian Fussstetter/UNEP)

BRASÍLIA — A negociação entre 183 países em torno de um tratado juridicamente vinculativo para acabar com a poluição por plásticos foi, mais uma vez, adiada, diante de impasses entre os estados-membros da ONU.

O encontro em Genebra, na Suíça, que deveria ter sido encerrado na quinta (14/8) com um texto final aprovado, se estendeu até esta sexta (15/8), mas por falta de consenso, terminou sem uma definição.

O que gera um cenário de incerteza sobre como a proliferação de plásticos poderá ser contida nos próximos anos.

No mundo todo, são 436 milhões de toneladas de plástico novo por ano segundo a Unctad.

“Estes 10 dias foram de muito trabalho, em um contexto de complexidades geopolíticas, desafios econômicos e tensões multilaterais”, disse Inger Andersen, diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep, em inglês).

Em seu discurso de encerramento, Andersen disse que apesar das complexidades, há uma demonstração de interesse, entre os membros da ONU, de prosseguir com as negociações.

“No fim das contas, ouvi de todos os países aqui presentes que vocês querem acabar com a poluição plástica. Vocês querem um acordo. É fácil? Não. Mas os países querem acabar com os impactos ambientais, econômicos e de saúde da poluição plástica? Com certeza”.

As divergências são muitas e em pontos centrais. Há diferentes visões sobre como deve ser abordada a produção, o design de produtos plásticos e quem tem que pagar a conta.

“O mundo precisa de mais tempo para chegar a um acordo pleno sobre essas questões cruciais”, pontuou Andersen em seu discurso.

Governos e empresas em direção à economia circular

Mesmo sem uma definição global, governos e empresas podem assumir protagonismo nessa missão de reduzir a quantidade de plásticos no ambiente, analisa Pedro Prata, Gerente Sênior de Instituições e Políticas na América Latina na Fundação Ellen MacArthur, que esteve na negociação em Genebra.

“Sem um tratado global, a atual lógica linear de produção e consumo do plástico continuará poluindo ecossistemas, ameaçando a biodiversidade e comprometendo a saúde. É fundamental que os governos encontrem novos caminhos para implementar medidas eficazes e em escala”, comenta.

Para Prata, é preciso avançar na adoção da economia circular como base para eliminar o desperdício e regenerar a natureza. Neste sentido, ações voluntárias do setor privado também têm poder de induzir a mudança.

“Neste momento, o papel das empresas e de suas ações voluntárias torna-se ainda mais relevante. Embora mais limitadas em resolver amplamente a crise plástica, essas iniciativas avançam nessa direção e mantêm o tema em evidência”.

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