A ministra Marina Silva (Rede) deve se reunir com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), e com o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, para tratar sobre o processo de licenciamento da exploração de petróleo na área da Margem Equatorial da Foz do Rio Amazonas quando retornar da viagem da comitiva presidencial ao Japão.
Marina acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao país asiático a partir deste sábado (22) e retornará ao Brasil no dia 30. Segundo a ministra, inicialmente, Silveira havia pedido uma agenda apenas com o Ibama, mas depois incluiu sua pasta.
A análise desse pedido tem virado uma dor de cabeça para o governo. De um lado, Lula tem apontado os potenciais econômicos do novo empreendimento. Mas, por outro lado, os ambientalistas apontam a incoerência do presidente ao defender um projeto que envolve mais queima de combustíveis fósseis, o principal motor do aquecimento global. O petista afirma que a bandeira climática é uma das prioridades da sua gestão.
Nos últimos dias, Silveira levantou o tom contra a área ambiental do governo e sugeriu que falta coragem por parte do Ibama no processo. Disse também que seria “covardia” adiar a decisão de liberar ou não o plano. Questionada sobre um racha interno sobre o tema, a ministra minimizou a questão.
Marina disse também que o órgão lida com milhares de pedidos do tipo e se até nas questões técnicas. “Não é o Ibama que decide quais os projetos estratégicos para infraestrutura ou matriz energética brasileira. Ele analisa os projetos do ponto de vista da qualidade do licenciamento”, disse o ministro.
Em fevereiro, a equipe técnica do Ibama recomendou negar o pedido da Petrobras para perfurar o bloco FZA-M-59, na Margem Equatorial. Uma área de exploração não fica na floresta, mas a cerca de 500 quilômetros da foz do Rio Amazonas. A decisão agora ficou nas mãos de Agostinho, que poderia autorizar o processo à revelação da área técnica.
O presidente do Ibama tem sido alvo de pressão para ceder ao pedido da empresa. O próprio Lula já deu declarações públicas criticando o Órgão Ambiental. No mês passado, ele classificou a postura do Ibama como “lenga-lenga” e disse que o órgão parecia ser “contra o governo”.
Nesta sexta-feira (21/3), a ministra do Meio Ambiente afirmou que o órgão cuida de vários projetos para que apresentem “viabilidade ambiental”.
Recuperação de florestas
Marina Silva lançou nesta sexta o projeto “Restaura Amazônia”, com um financiamento de R$ 150 milhões destinado a assentamentos que promovem a recuperação de florestas. O recurso é totalmente oriundo do Fundo Amazônia.
A expectativa do governo é atingir 182 mil famílias nessa fase do projeto, que pretendem recuperar áreas do chamado “Arco da Restauração”, território crítico de desmatamento, que vai do leste do Maranhão ao Acre.
O objeto do edital é apoiar 27 projetos de restauração na região. Entre os critérios para pleitear o financiamento, estão a exigência de que uma área tenha mais de mil hectares degradados; e que os assentamentos tenham de 50% a 80% de cobertura nativa.
Por Paula Ferreira