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Leilão confirma pré-sal mais diversificado e ANP dá recado de continuidade da oferta

Aposta na exploração no pré-sal para repor reservas foi reforçada no 3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha

Heloise Costa, presidente da CEL, iniciando o leilão da 3º Ciclo da OPP, em 22 de outubro de 2025 (Foto Juliana Rezende/agência eixos)
Heloise Costa, presidente da CEL, iniciando o leilão da 3º Ciclo da OPP, em 22 de outubro de 2025 (Foto Juliana Rezende/agência eixos)

NESTA EDIÇÃO. Oferta permanente de partilha tem cinco áreas arrematadas e marca estreia da aposta das junior oils como operadoras no pré-sal. 
 
O fim da marca Eletrobras
 
EUA sondaram estados brasileiros por terras raras antes do tarifaço.


EDIÇÃO APRESENTADA POR

Em uma semana marcada pela aposta no reforço da exploração de petróleo no Brasil a longo prazo,  o leilão de partilha da ANP de quarta-feira (22/10) marcou a diversificação de empresas na região, com a estreia das petroleiras independentes apostando no pré-sal. Confira todos os resultados

  • Das três junior oils inscritas no 3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha, a Karoon levou uma área, o bloco de Esmeralda no sul da Bacia de Santos. 
  • A Prio também concorreu pelo bloco de Citrino, na Bacia de Campos, mas acabou perdendo a disputa para a Petrobras.
  • A Brava já havia indicado que não iria participar. 
  • É, assim, uma nova etapa de atuação para essas empresas, que até então cresceram apoiadas na compra de áreas maduras e passam agora a apostar em ativos com risco exploratório

Além das independentes, o leilão também marcou a estreia de uma estatal chinesa como operadora no pré-sal, com o consórcio “puro sangue” entre a Sinopec e a CNOOC na área de Ametista. 

  • Até então, as estatais chinesas atuavam sobretudo como sócias minoritárias das majors nessa região.  

Mais uma vez, a Petrobras foi o grande destaque da oferta, com duas áreas arrematadas, incluindo o bloco de Jaspe, na Bacia de Campos, considerado o mais promissor entre os sete ofertados.

  • Do lado das majors, a única participação foi da Equinor, que entrou como sócia da Petrobras em Jaspe, mas também levou como operadora o bloco de Itaimbezinho. A norueguesa aposta na sinergia com o atual portfólio da petroleira no país, disse em entrevista à agência eixos o vice-presidente de Subsuperfícies, Lars Jetlund Hansen
  • A Shell afirmou que a decisão por ficar de fora da oferta decorreu da estratégia de alocação de capital e da avaliação estratégica das oportunidades disponíveis. 

Apesar da ausência da maior parte das grandes petroleiras, o certame foi considerado um sucesso, sobretudo em um contexto de queda nos preços do barril de petróleo e de sobreoferta no mercado no curto prazo, além da menor atratividade do modelo de partilha da produção. 

  • O alto ágio nas ofertas foi um destaque, com o percentual em Citrino chegando a 251,63%. 
  • O diretor-geral da ANP,  Artur Watt, destacou ainda os impactos positivos da entrada de novos operadores para a geração de demanda por bens e serviços no país.

É mais uma aposta na reposição das reservas de petróleo e gás no Brasil no longo prazo, que também ganhou um reforço esta semana com a liberação do Ibama para a Petrobras perfurar na Bacia da Foz do Amazonas e expandir a fronteira exploratória.

  • “Repor reservas é um dever fundamental em termos de segurança energética”, disse a diretora da ANP, Symone Araujo, em coletiva de imprensa.  

E a ANP deu o recado de que o movimento em direção à reposição de reservas vai continuar: a agência prepara para a próxima semana a apresentação técnica de mais 16 áreas para inclusão na oferta permanente de partilha

  • Com isso, devem ficar disponíveis ao mercado até 26 novas áreas na partilha para manifestação de interesse pelas empresas. 
  • Além disso, a agência trabalha para publicar ainda este ano o edital da próxima rodada da oferta permanente de concessão, que deve ter foco sobretudo em áreas terrestres. 


Extensão da sonda da Foz. A Petrobras estendeu o contrato com a Foresea dos navios sonda ODN II e Norbe IX. O contrato da sonda ODN II, que opera no bloco FZA-M-59, na bacia Foz do Amazonas, na Margem Equatorial brasileira, foi prorrogado até março de 2026, com opção de extensão até junho.
 
Alta do barril. O petróleo fechou em alta na quarta (22/10), com os contratos impulsionados pela queda de estoques e pelos planos do Departamento de Energia dos EUA de repor parcialmente sua reserva estratégica de petróleo. Também contribuíram para a alta as notícias de redução de compras da Índia pela commodity russa.

  • O Brent avançou 2,07% (US$ 1,27), a US$ 62,59 o barril

Fim da Eletrobras. A antiga estatal anunciou que passará a se chamarAxia Energia. Segundo a empresa, privatizada em junho de 2022, no governo de Jair Bolsonaro, o processo de reposicionamento de identidade começou há um ano e representa uma evolução da governança, foco no cliente, transformação tecnológica e aceleração da transição energética.

Acordo com a União. O ministro do STF Nunes Marques marcou a análise da homologação do acordo entre União e Eletrobras que faz parte da ação que discute a limitação do poder de voto do governo na empresa. O julgamento será realizado no plenário virtual entre 31 de outubro e 10 de novembro. 

  • O acordo foi assinado em março e dá à União o direito a três das 10 vagas no conselho de administração da Eletrobras. Por outro lado, a Eletrobras deixa de ter a obrigação de aportar recursos para a construção da usina nuclear de Angra 3. 

Compensação ao consumidor sem luz. As distribuidoras terão o prazo máximo de 180 dias para ajustar os sistemas para a devida apuração do indicador chamado de Duração da Interrupção Individual em Situação de Emergência (Dise).

  • É esse dispositivo que permitirá a compensação por interrupções no serviço de energia após eventos climáticos extremos. 

Tarifas de gás. A revisão tarifária das transportadoras de gás natural deve ser encarada como a absoluta prioridade da agenda da ANP este ano, na visão da Eneva. A definição (e redução) das tarifas é essencial, para não prejudicar o Leilão de Reserva de Capacidade de 2026, segundo o diretor de Marketing, Comercialização e Novos Negócios, Marcelo Lopes, em entrevista ao videocast gas week

PEC das Agências. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou o relatório de admissibilidade da proposta que dá mais poderes aos deputados sobre as decisões das agências reguladoras. A PEC 42/2024 passou com 33 votos favoráveis e 13 contra, e segue para o Plenário.

  • Agentes regulados temem que o crivo das comissões levará, contudo, a mais ingerência e palco para barganhas sobre as decisões, que inevitavelmente beneficiam grupos econômicos em disputas no mercado. 

Contra o crime organizado. O projeto do Ministério da Justiça batizado de “Antifacção” contempla mecanismos para combater organizações criminosas que atuam por meio de empresas. A proposta que será encaminhada à Casa Civil, estabelece que, diante de indícios de que uma empresa esteja sendo instrumentada por uma organização criminosa, um gestor externo poderá ser nomeado pela Justiça.

  • O cerco aos braços empresariais do crime organizado foi reforçado após a Operação Carbono Oculto, que revelou a inserção do PCC em diferentes elos do setor de combustíveis, chegando à Faria Lima. 

Regulamentação do hidrogênio. O decreto que regulamentará as leis do hidrogênio no Brasil está pronto e depende agora do aval da Casa Civil, segundo representantes dos ministérios de Minas e Energia (MME) e Fazenda. O texto é aguardado pelo mercado para decisões finais de investimentos na produção industrial do gás de transição energética no Brasil.

  • O governo também planeja lançar “nos próximos dias” uma tomada de subsídios sobre o leilão do PHBC

Projetos avançam. A Aneel aprovou quatro projetos-pilotos com recursos do PDI, somando R$ 196,2 milhões. O escopo foi reduzido: no início da discussão em 2024, eram 13 projetos, com a perspectiva de R$ 1,49 bilhão de investimentos para aplicação em segmentos industriais como siderurgia, fertilizantes, alimentos, mobilidade e petroquímica.

EUA de olho nos minérios brasileiros. Representantes do governo dos Estados Unidos vêm sondando governos estaduais em busca de oportunidades no setor de terras raras e minerais críticos, especialmente em Goiás, Minas Gerais e Bahia, segundo apuração da agência eixos.

  • As tratativas começaram, pelo menos, desde abril — antes do tarifaço de 50% imposto pela Casa Branca sobre produtos brasileiros. 

Navios verdes. Na semana passada, cedendo à pressão dos EUA e outros grandes produtores de petróleo, os Estados-membros da Organização Marítima Internacional (IMO, em inglês) decidiram adiar em um ano a votação na sobre a adoção do mecanismo net zero para o setor. 

  • Mas, mesmo diante dos ventos contrários no ambiente internacional, o Brasil deve avançar com a definição de políticas para incentivar combustíveis sustentáveis na navegação. Leia na diálogos da transição

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