Conflito com a Aneel

Prefeitos vão mover ação para evitar renovação com a Enel, diz Nunes

Ricardo Nunes acusa Aneel de "manobra desonesta" e critica concessionária por falhas no serviço; Enel promete investir R$ 10,4 bi até 2027

Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo, participa de encontro 'Prefeitura Presente - Ipiranga', em 16/2/2024 (Foto Ricardo Nunes/Flickr)
Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), participa de encontro "Prefeitura Presente - Ipiranga" (Foto Ricardo Nunes/Flickr)

A Prefeitura da capital paulista, junto com as demais cidades da região metropolitana de São Paulo atendidas pela Enel, companhia responsável pela distribuição de energia, anunciaram nesta segunda-feira (24/3) que moverão uma ação conjunta contra a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

A medida é uma ocorrência a um aditivo aprovado pela Aneel que, segundo a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), permite que a concessionária renove o seu contrato com as cidades por mais 30 anos.

A reportagem concorreu à Aneel e aguarda o posicionamento da agência. Já a Enel afirmou, em nota, que tem “forte compromisso” com todos os clientes da área de concessão e disse que investirá R$ 10,4 bilhões até 2027 em toda a região. “O investimento será destinado à melhoria, reforço, expansão e expansão do sistema de distribuição”, informou a empresa, em nota.

A possível ação judicial dos municípios é anunciada um mês depois de a diretoria da Aneel aprovar, em 25 de fevereiro, o termo para a renovação em 30 anos na concessão de distribuidoras de energia, abrangendo 19 empresas com contratos a vencer entre 2025 e 2031. O vínculo da Enel com São Paulo está previsto para se encerrar em 2028.

Nunes alega que a Aneel faz “uma manobra desonesta” de antecipar um contrato que vence em 2028, e afirma que a Enel “não respeita as pessoas” e “que toda hora dá problema” para as cidades atendidas pela distribuidora.

“Temos aqui a aprovação de todos os prefeitos para uma ação judicial conjunta, não só da cidade de São Paulo, mas passa a ser agora dos 24 municípios que integram a região metropolitana da cidade de São Paulo”, disse Nunes, durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana (CDRMSP), nesta segunda.

Desde 2023, Nunes tem criticado os serviços prestados pela empresa pela razão dos constantes apagões em dias de chuva e pela demora da entrega em restabelecer a energia dos moradores.

Em novembro daquele ano, um forte temporal deixou mais de 2,1 milhões de pessoas da região metropolitana de São Paulo sem luz por dias seguidos, e com a energia sendo restabelecida totalmente quase uma semana depois. Na ocasião, o prefeito moveu ação civil pública na Justiça contra a entrega para entender que a empresa descumpriu acordos com a capital.

Em outro forte temporal em outubro de 2024, 3,1 milhões de imóveis que ficaram sem luz, segundo dados da própria companhia.

No começo do ano passado, o prefeito chegou a Brasília para protocolar no Tribunal de Contas da União (TCU) um pedido de fiscalização do contrato da Prefeitura com a Enel e entregar ao tribunal um ofício com detalhes das falhas cometidas pela inspeção, defendeu o fim do vínculo com a companhia.

A Enel afirma, no comunicado, que cumpre com todos os compromissos estabelecidos no contrato de concessão e que tem reforçado de forma estrutural o plano operacional da companhia, que inclui a contratação de mais eletricistas, o aumento das manutenções preventivas e das possibilidades de galhos, e a mobilização antecipada de equipes em campo.

“Com as medidas, nos dois primeiros meses do ano, a companhia aérea fornece em 40% o tempo médio de atendimento (TMA), registrando o melhor indicador para o período dos últimos sete anos”, diz a entrega.

Por Caio Possati

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