O ex-deputado federal Júlio Lopes (PP/RJ) e os ex-governadores do estado do Rio de Janeiro Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão (ambos do MDB) tornaram-seu réus hoje em uma ação por improbidade administrativa relativa a desvios de recursos nas obras da linha 4 do metrô da capital fluminense.
A ação penal movida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro é consequência de uma denúncia onde a promotoria afirma que as obras foram tocadas pela empreiteira Odebrecht e não pela concessionária Rio Barra S/A. A Odebrecht sequer participou da disputa e teria executado uma manobra para se envolver no empreendimento. Lopes foi secretário de transportes do governo Cabral.
Deputado relatou Repetro e venda da Eletrobras no Congresso
Julio Lopes foi um dos deputados mais atuantes no setor de energia na Câmara dos Deputados nos últimos quatro anos. Ele foi o relator da MP 795/2017, a chamada MP do Repetro, que garantiu um regime fiscal especial para empresas do setor de óleo e gás. Lopes também relatou a MP da privatização da Eletrobras (MP 814/2018) e autor da emenda no texto que permitiria a criação do Brasduto, um projeto para instalação de um sistema de dutos financiado a partir de recursos do fundo social do pré-sal.
O deputado era vice-líder do governo Michel Temer e um dos articuladores dos interesses daquela gestão na área de energia, quando Moreira Franco era ministro de Minas e Energia. Na época, a privatização da Eletrobras era a principal pauta do MME no Congresso.
O deputado disputou a reeleição em outubro de 2018 mas não foi eleito. Ele é atualmente o primeiro suplente de deputado na coligação que reúne seu partido, o PP, com DEM, MDB e PTB no Rio de Janeiro.
A obra do metrô da linha 4, que leva o metrô ao bairro da Barra da Tijuca, foi entregue em 2016. Estava prevista para custar R$ 1,1 bilhão mas os custos ultrapassaram os R$ 9 bilhões após a aprovação de aditivos durante os governos de Cabral e Pezão, ambos presos por investigações derivadas da Lava Jato.
Em outro caso, Júlio Lopes também foi acusado pelo delator Leandro Camargo de ser beneficiado por um esquema de desvios de recursos no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into). Seu nome também figura na chamada Lista da Odebrecht.