Os deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovaram nesta quarta (23), por unanimidade, o prosseguimento do processo de impeachment do governador Wilson Witzel (PSC). Os 69 deputados presentes votaram pelo prosseguimento do impeachment de Witzel.
O governador afastado será julgado por um tribunal misto, formado pela Justiça do Rio, com cinco desembargadores, e cinco deputados indicados pela Alerj. Wilson Witzel será investigado por supostos crimes envolvendo desvios na área da Saúde e deixou o comando do governo do Rio por decisão do STJ, que viu risco de interferência nas investigações.
Os deputados interessados em participar do julgamento poderão se inscrever já nos próximos dias. As candidaturas serão avulsas, não por partido.
Witzel afirmou que sofre um linchamento moral e político e atacou os deputados. O governador falou por videoconferência, abrindo mão de ir presencialmente ao plenário.
O presidente da Assembleia, André Ceciliano (PT), descreveu a dificuldade de diálogo com o Executivo e citou o ex-secretário de Desenvolvimento do estado, Lucas Tristão, preso em agosto na Operação Tris in Idem, que investiga desvios de recursos na Saúde que também envolveriam o próprio Ceciliano.
Tristão foi o braço direito de Witzel e tinha grande autonomia. Em março, sua tentativa de emplacar um indicado político para o conselho da Agência Reguladora de Saneamento e Energia (Agenersa) contribuiu para agravar o desgaste entre a Alerj e o governo quando deputados o acusaram de tentar chantageá-los com declarações sobre um suposto dossiê.
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“Quem acompanha esta casa sabe que fizemos o possível para ajudar o governo Wilson Witzel. Faltou gestão”, disse. “Avisei que se o Lucas Tristão não tinha contaminado o governo ainda, iria contaminar”, afirmou.
Com o desgaste, Witzel retirou a indicação para a agência, que permanece com duas cadeiras vagas. Os deputados acionaram o Ministério Público contra Tristão, que foi afastado pelo governador em junho, quando a Assembleia já contava 10 pedidos de impeachment contra o governador.
O presidente da Alerj afirmou que não fará indicações para cargos, mas indicou que apoiará a gestão de Claudio Castro (PSC), que já está no comando do estado.
“Não farei nenhuma indicação, nem técnica, nem política ao governador”, disse Ceciliano. “Não quero nada do governo, nem que alguém use meu nome. Só quero que ele devolva nosso apoio com trabalho”, afirmou.
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