Jucá deixa liderança do governo e dificulta cessão onerosa e Eletrobras no Senado

Saída do braço direito do governo traz mais dificuldade para tentativa de votar cessão onerosa e venda de distribuidoras da Eletrobras este ano

Jucá deixa liderança do governo e dificulta cessão onerosa e Eletrobras no Senado
Os senadores Romero Jucá (MDB-RR) e Eduardo Braga (MDB-AM). Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O senador Romero Jucá (MDB/RR) anunciou na tarde dessa segunda-feira que abandonou a liderança do governo no Senado. A decisão do senador, considerado o braço direito do presidente Michel Temer no Congresso desde o primeiro momento do governo, dificulta ainda mais a tentativa do governo de votar os projetos da cessão onerosa (PLC 78/18) e da venda das distribuidoras da Eletrobras (PLC 77/18) em regime de urgência na Casa.

Jucá foi o articulador da tentativa de votar a urgência dos dois projetos na primeira semana de agosto. Foi ele quem recolheu em julho, na última semana de trabalhos legislativos antes do recesso, as assinaturas de líderes de bancadas no Senado para tentar apreciar os textos.

A manobra, considerada difícil desde o começo, contou com a oposição do presidente da Casa, Eunício Oliveira (MDB/CE) e do vice-presidente, Cássio Cunha Lima (PSDB/PB). Eunício afirmou que só pretendia votar no período eleitoral matérias que não causassem polêmica entre base e oposição, enquanto Cássio foi mais enfático, classificando o governo Temer como “governo moribundo” e já sem legitimidade para ditar a agenda do Senado.

Ainda assim, o governo tinha a esperança de tentar a votação dos temas nas duas próximas semanas, quando o Senado terá 6 dias de trabalhos, ou em alguma data neste ano. O Planalto seguia articulando para aumentar seu apoio na Casa.

Na última sexta-feira, a EPBR divulgou que Temer indicou um afilhado de Eunício para a diretoria da Agência Nacional de Mineração (ANM), logo depois de o presidente do Senado alterar o calendário de reuniões do Senado. a manobra favorece as votações de temas importantes para o governo, como as duas medidas provisórias do diesel que caducam no começo de outubro – MPs 838/18 e 839/18 – e os projetos da cessão onerosa e venda das distribuidoras de energia no Norte do país.

Jucá divulgou sua decisão de afastar-se da liderança do governo pelo twitter. Pouco depois protocolou seu afastamento por ofício. O senador afirmou em mensagem postada na rede social que deixa “a Liderança do Governo por discordar da forma como o governo federal está tratando a questão dos venezuelanos em Roraima”.


Representante do estado, Jucá tenta a reeleição ao Senado este ano. Está em segundo lugar na corrida mas lidera em rejeição. A necessidade de dedicar-se à campanha fez o até então líder do governo faltar à primeira semana do “esforço concentrado” do Senado no começo de agosto, deixando o governo carente de articulação na Casa.