aquecimento gas week 2025

Incerteza na demanda impõe risco ao planejamento da infraestrutura de gás, diz Claúdia Brun

VP da Equinor vê risco de erros no dimensionamento da infraestrutura e falta clareza de como lidar com eles

VP da Equinor, Cláudia Brun, participa do aquecimento gas week 2025, evento organizado pela agência eixos no escritório Mattos Filho, na Faria Lima (Foto Edu Viana)
VP da Equinor, Cláudia Brun, participa do aquecimento gas week 2025, evento organizado pela agência eixos no escritório Mattos Filho, na Faria Lima (Foto Edu Viana)

As incertezas sobre a demanda do mercado de gás impõem um risco sobre a construção do Plano Nacional Integrado das Infraestruturas de Gás Natural e Biometano, afirmou nesta segunda (24/2) a vice-presidente da Equinor, Cláudia Brun.

Segundo ela, existe o risco de erros no dimensionamento da infraestrutura e falta clareza de como, eventualmente, lidar com eles.

“Diferentemente do setor elétrico, em que se você tem algum erro de dimensionamento há claramente uma forma de repasse disso tudo ao longo da cadeia, no setor de gás não está claro quem arca qual o custo do erro de dimensionamento dessa infraestrutura”, disse a executiva, durante o aquecimento gas week 2025, evento organizado pela agência eixos no escritório Mattos Filho, na Faria Lima.

A expectativa é que o novo Plano Nacional Integrado das Infraestruturas subsidie a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no processo de outorga de novos projetos.

A EPE espera lançar em março a consulta pública sobre a metodologia do Plano Nacional Integrado. A estatal trabalha para que o plano fique pronto em setembro e seja colocado, então, em consulta pública.

Para abril, está prevista a abertura de chamada pública para estimar a demanda efetiva por serviços nas infraestruturas dos elos da cadeia do gás e identificar o potencial de oferta e demanda de gás natural e biometano. 

Falta incentivo à demanda

Brun destaca que há “realmente muito pouco sendo feito para estimular a demanda” no mercado brasileiro.

Ela cita, como exemplo, a complexidade de dimensionamento da demanda do setor elétrico no sistema, hoje.

O diretor Comercial e Regulatório da Transportadora Associada de Gás (TAG), Ovídio Quintana, reforçou a preocupação do setor com a fuga de demanda do setor termelétrico da malha de gasodutos, caso as térmicas existentes não sejam recontratadas no próximo Leilão de Reserva de Capacidade.

Ele destaca que a preservação da demanda deveria ser o foco das discussões na indústria do gás sobre as tarifas do transporte.

“A nossa grande preocupação não está nem na receita [na discussão da Revisão Tarifária], que todo mundo foca, mas sim na correta alocação do denominador de capacidade”. 

Para o CEO da Edge, Demetrio Magalhães, a substituição do diesel por gás no setor de transporte é uma das principais avenidas para o crescimento da demanda por gás no Brasil.

“Isso é bom para todo o setor. A partir do momento que você tem caminhões movidos a GNL, mais caminhões movidos a GNC é mais demanda de gás. E por definição, mais demanda de gás é na veia mais competitividade”.

Demanda reduz custos da infraestrutura

O crescimento da demanda, segundo ele, é essencial para reduzir os custos da infraestrutura do gás no Brasil.

“Essa demanda vai baixar os custos fixos, vai diminuir o preço final percebido pelo cliente e isso vai gerar mais demanda para o gás natural. Isso para mim é uma bola de neve super positiva”

O diretor de Regulação da Naturgy, Alessandro Menezes, por sua vez, defende que a criação de demanda passa pelo aumento da oferta.

“Então, o que é preciso fazer? Ter choque de oferta, cair o preço do gás, estimular a indústria, estimular o consumo de GNV. Políticas positivas”, disse. 

O ganho de competitividade do gás, segundo ele, é essencial para evitar a fuga de demanda – e seus efeitos negativos sobre o mercado das distribuidoras.

“Porque a saída de um cliente para a adoção de uma outra matriz energética, que às vezes é até mais poluente do que o gás, gera um efeito em cascata negativo. Isso tira volume da distribuidora e aí isso não diminui [o custo para o consumidor final]”.

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