O Ministério de Minas e Energia (MME) confirmou a retirada de Joaquim Silva e Luna das indicações para o conselho de administração da Petrobras. A intenção é demitir o general do comando da estatal. Para o lugar de Silva e Luna, foi indicado Adriano Pires, consultor que atua no mercado de petróleo, gás energia.
A demissão de Silva e Luna foi publicada mais cedo pela Veja.
O general foi escolhido pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para substituir Roberto Castello Branco (indicado por Paulo Guedes) em 2021, também em meio a uma crise desencadeada por aumentos nos preços da Petrobras.
A diferença é que Castello Branco encerrava seu mandato de dois anos e, por decisão de Jair Bolsonaro (PL), não foi reconduzido.
Silva e Luna, contudo, foi eleito presidente da Petrobras até 2023.
Como as regras de governança da estatal exigem que o presidente da companhia seja membro do Conselho de Administração (CA), a saída de Bolsonaro para demitir o general foi retirar seu nome da lista de indicados para a próxima assembleia, marcada para os dias 13 e 14 de abril.
Bolsonaro contra reajustes da Petrobras
Bolsonaro vem fritando Silva e Luna há semanas, com críticas públicas à livre formação de preços da companhia. Na posse do general, em 2021, Bolsonaro já havia decretado o fim da política de preços, mas sem poder para isso de fato, não teve sucesso.
Sem o nome de Silva e Luna, foram indicados nesta segunda (28/3) para o CA o presidente do Flamengo, ex-Petrobras e ex-OGX, Rodolfo Landim, para o cargo de presidente, além de Adriano Pires como conselheiro.
A União tem direito a indicar oito nomes e garantia de votos para nomear ao menos sete.
Completam as lista Ruy Flaks Schneider, Sonia Julia Villalobos, Luiz Henrique Caroli, Márcio Andrade Weber, Eduardo Karrer e Carlos Eduardo Lessa Brandão.
Em relação aos nomes originais, enviados em 5 de março, foi retirada a indicação de Murilo Marroquim e incluída a de Eduardo Karrer, além da própria troca de Silva e Luna por Adriano Pires.
Mais um ex-executivo de Eike Batista
Eduardo Karrer foi um executivo do antigo grupo X, de Eike Batista.
É o caso de Landim, que foi sócio de Eike, fundador e CEO da OGX Petróleo (hoje Dommo) e da OSX Brasil, que foi fatiada e vendida — entre os ativos, está o Porto do Açu, hoje sob controle da Prumo.
Foi CEO da antiga MPX Energia, empresa de geração e comercialização, e depois da OGX Maranhão, que incorporou os ativos da MPX, tornando-se o braço de exploração e produção de gás natural, e geração termoelétrica do grupo EBX, de Eike Batista.
Após a quebra do empresário, os ativos foram liquidados e a empresa renomeada Eneva, que segue atuando nesses mercados.
Karrer também atuou nos conselhos da El Paso Energy International (EUA); do Gasoducto del Pacífico (Chile), da TBG — Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil; da Capsa Capex (Argentina), da MPX Colômbia e da Seival Sul Mineração.
O executivo tem passagem pela antiga BR Distribuidora (hoje Vibra, privatizada) e pela própria Petrobras, nas áreas de gás e energia.
Marroquim, que teve sua indicação retirada, é presidente da Visla Consultoria de Petróleo, “focada em projetos especiais para indústria de energia”, segundo o MME. Na Petrobras, fez carreira internacional na área de exploração e produção, incluindo a posição de diretor da Brasoil UK (1989-1993), em Londres, além de outros cargos em empresas públicas e privadas do setor.