RIO — Os trabalhadores da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) decidiram suspender temporariamente a greve geral que teve início no último dia 17.
A pausa, válida da quinta passada (20/11) até a próxima sexta (28/11), foi aprovada em assembleia na semana passada, mas sob protesto da categoria.
A decisão atendeu a um pedido da mediadora do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-1), que busca garantir uma última tentativa de acordo entre a estatal e os servidores.
O calendário definido pelos sindicatos e pela empresa prevê:
- 25 de novembro (terça-feira), às 10h: reunião de negociação entre diretoria da EPE e Intersindical;
- 27 de novembro (quinta-feira), às 11h: nova audiência no TRT-1.
Após esses encontros, a categoria deve realizar assembleias para avaliar eventuais propostas e decidir sobre a retomada ou encerramento definitivo da paralisação.
O TRT-1 rejeitou o argumento da EPE de que a greve seria ilegal por supostamente afetar serviços essenciais, garantindo assim a continuidade da mobilização sem risco de penalidades imediatas à categoria.
Início da greve
A greve teve início depois que a direção da EPE apresentou uma proposta de reajuste salarial de 4,26% — o equivalente a 80% do INPC.
Os empregados da EPE, representados pelos sindicatos Senge-RJ, Sintergia-RJ, Sinaerj e Sindecon-RJ, estão em estado de greve desde o dia 7 de outubro, e em greve geral desde 17 de novembro.
O percentual de reajuste foi considerado insuficiente pelos trabalhadores, que argumentam acumular perdas superiores a 20% no poder de compra ao longo da última década.
Os sindicatos afirmam que os diretores da empresa tiveram tratamento diferenciado.
“É um cenário de absoluto desrespeito”, afirmou um membro da comissão de greve.
“A empresa sequestra parte da nossa renda para cumprir metas fiscais, enquanto diretores são premiados com bônus milionários e nossa desvalorização se acumula há uma década”, acrescentou.
Contradição orçamentária
Os trabalhadores também criticam a contratação de uma escritório de advocacia — com honorário que podem superar R$ 200 mil — para ingressar com um Dissídio Coletivo de Greve contra os próprios funcionários.
A ação judicial foi protocolada às vésperas da audiência de mediação solicitada pela própria Intersindical, o que foi interpretado pelos servidores como uma tentativa de esvaziar o diálogo.
“Voltamos ao trabalho de forma temporária e contrariados. A EPE tem dinheiro para um escritório de elite e para bônus generosos na diretoria, mas não tem para garantir o mínimo de dignidade salarial aos seus técnicos”, criticou a entidade sindical em nota.
