O senador Eduardo Amorim (PSC/SE) apresentou requerimento na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado para convocar o presidente da Petrobras, Pedro Parente, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, para debater sobre o fechamento das fábricas de fertilizantes nitrogenados da Petrobras em Sergipe e na Bahia. O requerimento prevê também a convocação do coordenador geral do Sindipetro da Bahia, Deyvid Souza Bacelar da Silva.
A Petrobras anunciou no último dia 20 de março que hibernaria, até o final do primeiro semestre, as fábricas de fertilizantes nitrogenados da Bahia (Fafen-BA), localizada no polo petroquímico de Camaçari, e de Sergipe (Fafen-SE), na cidade de Laranjeiras. A iniciativa, segundo a empresa, faz parte do processo de saída integral da produção de fertilizantes, anunciado em setembro de 2016. Ainda de acordo com a empresa, a decisão de encerrar as atividades produtivas das unidades se deve às perspectivas de perdas da Petrobras com estas operações. Em 2017, a Fafen-BA apresentou resultado negativo de cerca de R$ 200 milhões. A Fafen-SE apresentou resultado negativo de cerca de R$ 600 milhões no último ano.
E o que mudou?
O anúnciou da Petrobras gerou grande repercussão política. Senadores, deputados e governadores se movimentaram contra a medida. O senador Eduardo Amorim (PSDB-SE), lamentou a decisão da Petrobras. De acordo com Amorim, o mercado desse produto está em expansão no Brasil e no mundo. Além disso, ele afirmou que a demanda do país é superior à produção atual, sendo que 75% dos fertilizantes usados no país são importados.
“Soberania na agricultura é uma questão de sobrevivência. Países com visão estratégica não abrem mão disso. Buscar autossuficiência de fertilizantes eu diria que é tão importante como termos buscado a autossuficiência de petróleo alguns anos atrás”, disse.
A senadora Lídice da Mata (PSB-BA) se disse preocupada com o anúncio de fechamento das fábricas de fertilizantes nitrogenados. Segundo ela, o impacto econômico e social será devastador, pois, como consequência, outras fábricas também serão fechadas.
De acordo com a senadora, a fábrica de fertilizantes localizada em Camaçari, na Bahia, possui 275 empregados. Ao todo, 700 postos de trabalho podem ser fechados, se considerada toda a cadeia produtiva.
“Esse Pedro Parente deve ser parente da Shell e de outras empresas multinacionais, não do povo brasileiro, porque a sua ação na Petrobras é de repetidamente ameaçar com a privatização dessa empresa que, não tenho dúvida, não é aprovada pelo povo brasileiro, que lutou muito para constituir a Petrobrás como um patrimônio do Brasil”, disse a senadora.
Os deputados federais José Carlos Aleluia (DEM-BA) e André Moura (PSC-SE) apresentaram proposta ao presidente da Petrobras, Pedro Parente, para que fosse adiada por 90 dias a suspensão das atividades das unidades industriais da Fafen na Bahia e Sergipe. “Precisamos agora montar uma comissão e acharmos uma saída para o não fechamento da Fafen”, afirmou Aleluia. O encontro contou com a presença do governador Jackson Barreto, de Sergipe, do vice governador da Bahia, João Leão.
Petrobras recuou
Uma semana depois do anúncio do fechamento das fábricas, a Petrobras anunciou que o Pedro Parente, e o diretor de Refino e Gás Natural, Jorge Celestino, decidiram prorrogar o prazo para hibernação das fábricas de fertilizantes em Sergipe e na Bahia por mais 120 dias, para aprofundar estudos sobre o assunto.
A empresa vai criar comissões estaduais com representantes dos governos de Sergipe e Bahia, das federações das indústrias dos dois estados para avaliar alternativas para as fábricas.
“Estamos dispostos a conversar. Vamos negociar e queremos começar imediatamente. Gostaria muito de encontrar uma saída que atendesse a essa questão sem subsídios. É importante que os estados engajem nessa discussão porque não vamos fazer com subsídios”, disse Pedro Parente ao se referir à questão principal do preço gás natural que é matéria prima para o funcionamento das Fafens.
O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) comentou que a decisão de adiar o fechamento foi resultado da pressão das bancadas dos dois estados. Em se tratando de uma medida antipática, impopular, uma medida que vai prejudicar centenas de trabalhadores do setor petroquímico em Sergipe e na Bahia, para dourar a pílula, o governo do presidente Temer resolveu adiar o fechamento dessas duas fábricas para após as eleições. É, a meu ver, uma decisão um tanto quanto capciosa, uma decisão para atenuar a revolta, o desespero e desassossego das populações de dois estados do Nordeste que foram humilhados pela Petrobras — criticou.