A escolha do sucessor do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, que deixará o cargo em duas semanas para disputar a reeleição ao cargo de deputado federal, ganhou novos contornos ontem e nesta quarta-feira, quando o seu pai assumiu o comando do MDB em Pernambuco, após uma intervenção do Diretório Nacional, e o próprio ministro se filiou ao MDB. A indicação do novo ministro passará necessariamente pelo MDB do Senado. Quem são (e quem apoia) os cotados para sucessão no MME.
Os senadores Eduardo Braga (MDB/AM) e Edison Lobão (MDB/MA), que ocuparam a pasta nos governos Lula e Dilma, respectivamente, já manifestaram interesse em indicar o sucessor de Coelho Filho. Contra Braga pesa o fato de o senador ter sido declaradamente contra a privatização da Eletrobras, um dos principais projetos da pasta no ano.
Coelho Filho diz que o importante é garantir a continuidade da agenda do ministério. A intenção do ministro é que seja empossado alguém de sua atual equipe, que mantenha a linha de trabalho adotada pela pasta sob sua gestão e, mais importante em ano eleitoral, seja capaz de manter sua identidade no MME.
“O intuito é fazer uma indicação não de nome, mas que possa manter a agenda de trabalho do ministério. Tem muitas entregas para serem feitas, gás para crescer, desestatização da Eletrobras, cessão onerosa e regulamentação do RenovaBio”, afirmou segundo o site Poder 360.
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Derrota para o DEM
A decisão do ministro Coelho Filho de migrar para o MDB é uma derrota para o DEM, que buscava há quase um ano atraí-lo para a legenda. Com vistas à eleição nacional de outubro, o partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ), tenta se destacar dentro do Congresso com uma pauta de projetos para destravar a economia, a área de energia vem sendo um ponto de destaque nessa estratégia.
O diálogo do DEM com o MME foi bom na maior parte do tempo da atual gestão. Mas agora, definida a mudança do ministro para o MDB, há chance de a relação esfriar. Entre outros projetos de interesse do governo, o DEM mantém a relatoria do PL de privatização da Eletrobras nas mãos do deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA).
Hoje à tarde, durante seminário sobre o setor elétrico realizado em Brasília, Aleluia afirmou que falta interlocução com o Planalto sobre o tema e disse que o governo deixou a proposta da privatização “à própria sorte” no Congresso. No mesmo evento, o ministro Coelho Filho disse ser preocupante a ausência de congressistas da base na comissão especial formada para discutir o projeto. Ainda assim, Aleluia reafirmou o interesse de levar seu parecer a votação até 24 de abril.
Lógica pernambucana
Ainda em meados do ano passado a negociação do DEM com o clã dos Bezerra Coelho foi atropelada pelo MDB com uma manobra do presidente do partido, senador Romero Jucá, que atraiu o pai do ministro, seu colega no Senado, Fernando Bezerra Coelho, para a legenda do presidente Temer. Até agora não se tinha certeza da oferta feita por Jucá ao clã familiar. Foi a presidência do MDB em Pernambuco.
Daqui pra frente, a família Bezerra Coelho tem autonomia para fazer alianças estaduais para a eleição de 2018. O grande objetivo do clã é congregar adversários para derrotar o grupo político do governador Paulo Câmara (PSB), líder no estado do seu antigo partido.
No final do ano passado o antigo partido dos Bezerra Coelho, o PSB, deu uma guinada à esquerda, se reposicionando no cenário político nacional mais próximo ao PT de Lula após definir oposição ao governo do MDB de Temer. Foi o episódio que selou o racha da família com a direção nacional do partido. Decididos a abandonar o barco socialista mais por disputas no âmbito estadual do que no campo ideológico, os Bezerra Coelho iniciaram conversas com as legendas que lhes abriram as portas. Definiram o caminho em favor de quem tinha o maior dote.
Em Pernambuco o MDB, até então liderado pelo ex-deputado Jarbas Vasconcelos, é mais expressivo do que o DEM, presidido pelo ministro da Educação, Mendonça Filho. Abrigar o clã Bezerra Coelho no mesmo barco do também ministro seria uma operação difícil de agradar a todos. Mas na cúpula nacional do MDB reduzir o tamanho do dissidente Jarbas Vasconcelos seria retirar uma pedra do sapato de Temer e Jucá. Mataram dois coelhos com uma só cajadada.
Ainda não foi explicitado se Coelho Filho deverá concorrer ao governo de Pernambuco ou ao Senado, onde seu pai ainda tem mais quatro anos de mandato. A definição do plano para enfrentar o PSB pernambucano vai passar por diálogos com outras força da reduzida oposição estadual no campo de centro e direita e deve envolver o PTB do ex-ministro do MDIC senador Armando Monteiro Filho, além do próprio DEM de Mendonça Filho.
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