LISBOA — O Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), de Portugal, e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Brasil, firmaram nesta terça-feira (7/10) um protocolo de colaboração para intercâmbio técnico e científico.
Em entrevista ao estúdio eixos, durante a EVEX Lisboa 2025, a presidente do LNEG, Teresa Ponce de Leão, destacou que o objetivo é compartilhar experiências e ferramentas de planejamento energético.
“Uma vez que temos os mesmos pressupostos na análise da energia, o primeiro passo é planejar, é conhecer as situações naturais, os recursos energéticos, para podermos tomar boas decisões”, afirmou. (veja a entrevista na íntegra acima)
Entre as áreas de potencial cooperação estão o armazenamento geológico, eólica offshore, hidrogênio, biometano e descarbonização da indústria.
“As riquezas naturais são enormes, quer ao nível da hídrica, ao nível do eólico, ao nível do fotovoltaico, ao nível da bioenergia, a produção de gases renováveis e ambos soubemos ser pioneiros”, disse.
Soberania energética e desafios
Ponce de Leão ressaltou que a capacidade de conhecer os recursos internos contribui para a independência de fontes externas e fortalece a soberania energética – algo importante no atual contexto geopolítico.
“Estamos num momento de guerra híbrida [que combina táticas militares e não militares] e, de fato, temos que encontrar todas as ‘armas’, entre aspas, para lutar contra esses perigos. E, de fato, ambos os países, Portugal e Brasil, têm uma riqueza natural em recursos renováveis enorme”.
“Portugal e o Brasil sempre tiveram uma excelente colaboração […] a política nesta questão tão tecnológica e tão importante para os objetivos de ambos os governos, que é contribuírem de forma muito concreta para a descarbonização e para a mitigação das alterações climáticas e, como acabei de referir também para a nossa soberania, é um valor mais alto que vai para além da política”, completou.
Entre os desafios apontados pela presidente estão a integração segura de diferentes fontes energéticas e a garantia de uma transição justa e universal de acesso à energia.
“Ainda ouvimos agora falar o ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico] sobre a necessidade de olhar para o sistema e a capacidade de integrar todas as fontes energéticas de forma segura para o sistema […] é preciso estudar, avaliar e agir rapidamente para ajustar o mercado, que foi construído para combustíveis fósseis, à realidade das fontes renováveis”, detalhou.
Principais pontos da entrevista:
- Acordo LNEG–EPE: Protocolo assinado para troca de experiências entre Brasil e Portugal.
- Áreas de colaboração: Armazenamento geológico, eólica offshore, hidrogênio, biometano, renováveis e descarbonização da indústria.
- Objetivo: Compartilhar conhecimento e ferramentas de planejamento energético para decisões mais eficazes.
- Soberania energética: Conhecimento dos recursos naturais aumenta a independência de fontes externas.
- Recursos naturais: Potencial em hídrica, eólica, fotovoltaica e bioenergia nos dois países.
- Momento político favorável: Cooperação reforçada pelo relacionamento histórico e alinhamento estratégico.
- Desafios comuns: Integração segura de fontes, transição justa e acesso universal à energia.
- Reforma em Portugal: Ajuste do mercado elétrico às fontes renováveis, antes estruturado para fósseis.
- Intercâmbio tecnológico: Troca de informações melhora planejamento, inovação e eficiência.
- Pioneirismo: Brasil e Portugal como referência global em uso sustentável de recursos renováveis.