Diário da Transição – Dia 29

Cerimônia de diplomação do presidente eleito, Jair Bolsonaro, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). À esquerda, o vice, general Hamilton Mourão.
Cerimônia de diplomação do presidente eleito, Jair Bolsonaro, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). À esquerda, o vice, general Hamilton Mourão.

Os discursos na diplomação de Bolsonaro, os processos do futuro ministro de Meio Ambiente, Moro e o Coaf e caminhoneiros, nesta segunda-feira (10).

1. O presidente eleito, Jairo Bolsonaro, e seu vice, Hamilton Mourão, foram diplomados pelo TSE. Em seu discurso, Bolsonaro afirmou que a população não precisa mais de intermediação com os governantes, em referência à relação que mantém com eleitores pelas redes sociais, e, em geral, manteve a linha da campanha: falou em patriotismo, buscar a paz no país e disse que vai governar para todos, independente “origem social, raça, sexo, cor, idade ou religião”.

2. Um aceno à “velha política”: durante a sua fala, Bolsonaro fez questão de cumprimentar o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTC-AL) e chamou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de “companheiro”. Esta semana, o presidente eleito dá continuidade à agenda com partidos e têm reuniões marcadas com PSD, DEM, PSL, PP e PSB – semana passada, já conseguiu articular o apoio do PR.

3. O futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, cobrou explicações sobre as movimentações identificadas pelo Coaf: “o presidente [Jait Bolsonaro] já apresentou algum esclarecimento. Tem outras pessoas que precisam prestar seus esclarecimentos. E os fatos, se não forem esclarecidos, têm que ser apurados”. O Coaf passará a ser subordinado à pasta de Moro, que afirmou que pretende aproximar a atuação do órgão ao combate à corrupção, com reforço da sua estrutura.

Nos últimos dias, têm sido intensa a repercussão do relatório do Coaf, que identificou movimentações atípicas de R$ 1,2 milhão na conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Alerj. O Coaf, hoje um órgão da Fazenda, identificou que diversos assessores dos Bolsonaros, entre eles sua esposa e filha, fizeram depósitos na conta de Queiroz.

4. “Democracia é, também, exercício constante de diálogo e de tolerância, de mútua compreensão das diferenças, de sopesamento pacífico de ideias distintas, até mesmo antagônicas, sem que a vontade da maioria, cuja legitimidade não se contesta, busque suprimir ou abafar a opinião dos grupos minoritários, muito menos tolher ou comprometer-lhes os direitos constitucionalmente assegurados”, afirmou a ministra do TSE, Rosa Weber, na cerimônia.

5. Caminhoneiros tentaram paralisar a circulação da Via Dutra, entre Rio e São Paulo e dá acesso ao Porto de Santos. Forças policiais interviram e o movimento foi desfeito – duas pessoas foram presas acusadas de apedrejar caminhões que tentavam furar o bloqueio. Em grupos de Whatsapp, há alguns dias, têm circulado informações tentando mobilizar uma nova greve.

6. Escolhido para comandar o Ministério do Meio Ambiente, Ricardo Salles tentou se eleger deputado federal este ano pelo Novo, em uma plataforma voltada para o produtores rurais. É da campanha de Salles a imagem que diz que “contra a esquerda e o MST”, para combater crimes no campo e até a praga do javaporco no interior de São Paulo, a solução é munição de fuzil calibre .30 – o número do candidato era 3006. O TRE retirou a peça do ar.

Ex-secretário estadual de Alckmin, no governo de São Paulo, Salles acumula processos e investigações. Em uma ação, o MPSP acusa o político de manipular mapas de proteção ambiental para liberar empreendimentos. Ele já é reú nessa ação.

Em entrevista à Folha no fim de semana, o indicado afirmou que a discussão “se há ou não aquecimento global é secundária”; afirmou que a preservação ambiental será feita dentro do previsto na lei, “nem mais, nem menos”; e criticou a “proliferação de multas”.

7. Na madrugada de domingo para segunda, a coligação de Fernado Haddad (PT, PC do B, Pros) pediu a cassação da chapa Bolsonaro/Mourão. Alega, ao TSE, abuso de poder econômico (as suspeitas de uso irregular do Whatsapp) e a participação, que a coligação chama de “privilegiada”, na Record, rede de televisão do bispo Edir Macedo, um dos maiores cabos eleitorais de Bolsonaro nas eleições.