As acusações no entorno de Bolsonaro, a reação de Onyx, aproximação com partidos, o racha no PSL e mais, nesta sexta-feira (7).
1. Ao contrário do prometido por Bolsonaro, semana chega ao fim sem a definição para o ministério de Meio Ambiente. Por orientação médica, o presidente eleito antecipou a volta para o Rio de Janeiro, porque precisa de repouso. Resultado do ataque que sofreu, Bolsonaro ainda vai passar por uma nova intervenção cirúrgica, prevista para o ano que vem.
2. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou transações atípicas na família do policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz e do próprio presidente eleito, Jair Bolsonaro. Há movimentações de R$ 1,2 milhão nas contas do PM, uma segunda anotação quanto a R$ 84 mil em contas no nome de sua filha, Nathalia Melo de Queiroz, e um cheque de R$ 24 mil, de Fabrício Queiroz, depositado na conta da futura primeira dama, Michele Bolsonaro.
As informações foram reveladas pelo Estadão. Fabrício Queiroz trabalhou até outubro para o deputado estadual Flávio Bolsonaro, no Rio. Já a filha do PM, Nathalia Queiroz, foi assessora de Bolsonaro até o mês passado, em Brasília, com salário de cerca de R$ 10 mil.
As informações do Coaf foram apresentadas ao Ministério Público Federal (MPF) no contexto da operação Furna da Onça, que prendeu 10 deputados fluminenses. O MPF, em nota, afirmou que o “relatório relaciona um número maior de pessoas, nem todos os nomes ali citados foram incluídos nas apurações, sobretudo porque nem todas as movimentações atípicas são, necessariamente, ilícitas”.
3. O indicado para a Casa Civil – e investigado por caixa 2 –, Onyx Lorenzoni, atacou a imprensa e o Coaf quando questionado se teria esclarecimentos sobre a situação envolvendo as movimentações do assessor de Flávio Bolsonaro e de Michele Bolsonaro. Onyx afirmou que a imprensa quer “misturar um governo decente com a lambança do PT” e questionou “onde estava o Coaf no Mensalão, no Petrolão?”. Chegou a perguntar quanto um dois repórteres tinha recebido este mês, antes de abandonar a coletiva. Informações do repórter da CBN, Pedro Durán:
O Coaf é um órgão do Ministério da Fazenda, criado para atuar na prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo. Em 2017, o conselho já tinha identificado movimentações atípicas de R$ 51,9 bilhões envolvendo os crimes investigados na Lava Jato, tendo emitido, à época, 267 relatórios aos órgãos de investigação – isso com uma estrutura de nove analistas, de um quadro de 45 funcionários no total.
Veja o momento em que o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, abandona coletiva de imprensa em evento do Lide. Ele foi perguntado sobre as investigações da Coaf, de onde vinha o R$1,2 mi do segurança do futuro Sen. Flávio Bolsonaro. E questionou o salário de um repórter: pic.twitter.com/v984dZHXB1
— Pedro Durán (@pedromeletti) 7 de dezembro de 2018
4. O governo Bolsonaro se aproximou do PR e do PSDB esta semana, indicando que pode estar costurando apoios para disputar a presidência da Câmara e do Senado com esses partidos e, como veio a público graças ao vazamento de uma discussão entre membros do PSL, a estratégia é não chamar a atenção, para não alertar os futuros candidatos que ainda estão no controle das pautas legislativas.
“O PSL está fora das articulações? Estou fazendo o que com o líder do PR agora?”, afirmou Eduardo Bolsonaro em grupo de deputados eleitos do PSL. De acordo com ele, as articulações são feitas para não irritar Rodrigo Maia (DEM-RJ) e evitar pautas bombas. Um nome falado para a disputa da casa é o de Fernando Giacobo (PR-PR). Após reunião com o presidente eleito, o PR, de Waldemar Costa Neto, anunciou que será base do próximo governo.
No Senado, ganha força o nome de Tasso Jereissati, senado do PSDB, do Ceará, que busca apoio para sua candidatura. Três tucanos do Ceará que perderam as eleições para diferentes cargos estão sendo cotados para cargos no segundo escalão do governo. A disputa no Senado pode ser contra Renan Calheiros (MDB-AL), que está internado tratando de uma pneumonia e teve o nome rejeitado pelo grupo de Bolsonaro, mas o senador pode ter algum controle mesmo que não consiga a presidência, já que uma das cotadas para a disputa é a sua colega de partido, Simone Tabet (MDB-MS).
5. Políticos eleitos pelo PSL começaram uma discussão no Whatsapp ontem e levaram a troca de acusações para o Twitter, nesta sexta-feira (07). Com o vazamento do bate-boca, veio a público que Eduardo Bolsonaro está articulando de forma discreta o controle da Câmara para não chamar a atenção e irritar Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Casa. A estratégia envolvendo conversas com o PR.
Joice Hasselmann, eleita deputada federal, e Major Olímpio eleito para o Senado, têm uma rixa desde a campanha em São Paulo, em que Olímpio acusou Joice de tentar passar por cima do partido e sair candidata ao governo do estado, pelo PSL. A discussão esquentou depois de uma intervenção de Eduardo Bolsonaro, deputado federal mais votado no Rio, no grupo de Whatsapp. As partes estão trocando acusações e ofensas públicas desde então.