Diário da Transição – Dia 27

O futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, após reunião com Bolsonaro no Centro de Cultura Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição, em Brasília.
O futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, após reunião com Bolsonaro no Centro de Cultura Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição, em Brasília.

1. Bolsonaro afirmou que quer votar a reforma da Previdência nos primeiros seis meses de governo.

2. Poucas horas após uma matéria de O Globo afirmar que Bolsonaro quer que seu vice, Hamilton Mourão, fale menos, o general da reserva declarou à imprensa que Onyx Lorenzoni deve sair do governo assim que for comprovado que ele praticou algum crime de caixa 2. Em seguida, Bolsonaro confirmou a fala do vice, em coletiva em Brasília.

“Olha só, em havendo qualquer comprovação, obviamente, ou uma denúncia robusta contra quem quer que seja no meu governo, e esteja ao alcance de minha caneta Bic, ela será usada”, disse Bolsonaro

3. A matéria de O Globo afirma que a posição de Mourão à frente de uma área do governo ou no centro de controle do Planalto, em uma espécie de gestão dos ministérios, está em xeque. Bolsonaro usou intermediadores para determinar ao Mourão que o vice-presidente eleito fale e exponha-se menos na imprensa.

Enquanto Bolsonaro comunica-se por meio de redes sociais, transmissões no Facebook e breves coletivas entre um evento e outro, Mourão têm dialogado com a imprensa de uma forma mais tradicional. O desejo de Bolsonaro é ser o único porta-voz do novo governo, afirma o jornal.

4. Ontem, o ministro do STF, Edson Fachin, determinou que as apurações contra Onyx devem prosseguir. O deputado do DEM do Rio Grade do Sul é investigado por receber R$ 200 mil reais da JBS em 2012 e 2014, sem declaração ao TSE. Onyx admitiu, em vídeo, que praticou o caixa 2 em 2014, mas nega o caso de 2012.

5. Mourão repercutiu a história no Twitter: “a mídia tradicional insiste em criar antagonismos na equipe vencedora do pleito. Não conseguirá. Este é o momento do nosso presidente indicar nomes para os Ministérios. Ele é o comandante.”

6. Sem cargo no governo Bolsonaro, o senador Magno Malta afirmou ao The Intercept que vai deixar a vida política e voltar a se dedicar à vida de músico gospel. “Você vê muita gente que falava mal dele, não pedia voto, e agora tá aí, se aproximando”, afirmou Malta, que trabalhou na campanha de Bolsonaro, mas perdeu a sua própria, no Espírito Santo. Bolsonaro afirmou que as portas do governo estão abertas para o senador, mas sem cargos.

7. Os partidos políticos estão formando um bloco que, na prática, pode isolar o PT e o PSL, de Bolsonaro – as duas siglas com mais deputados federais eleitos em outubro. O bloco é formado por  PP, MDB, PSD, PR, PSB, PRB, PSDB, DEM, PDT, Solidariedade, PTB, PC do B, PSC, PPS e PHS e diz que quer ser independente do governo. Se for for adiante, a estratégia pode concentrar dois terços da casa.

Atualização: após reunião com Bolsonaro, PR anuncia que será base do governo.

8. Uma ala do PSDB está defendendo a expulsão de quadros que entrarem pro governo de Bolsonaro. Nomes do PSDB do Ceará, que não se elegeram, estão sendo convidados para o segundo escalação, em um movimento que levanta a especulação quanto ao apoio para Tasso Jereissati para a presidência do Senado. Já há três nomes de tucanos do Ceará que fracassaram nas eleições:

O Povo noticiou que o deputado federal Danilo Forte (PSDB), que não se reelegeu, vai assumir uma coordenadoria de articulação política na Casa Civil – uma formação do grupo de ex-parlamentares que Onyx afirmou que vai montar para lidar com o Congresso.

Sérgio Moro escolheu o general da reserva Guilherme Theophilo, do PSDB, para a Secretaria Nacional de Segurança Pública. Theophilo perdeu a disputa pelo governo.

E o futuro ministro da Saúde, Luiz Mandetta, convidou Mayra Pinheiro para a Secretaria da Gestão do Trabalho e da Educação da Saúde (SGTES). Mayara Pinheiro ficou em quarto na disputa pelas vagas ao Senado, que elegeu Cid Gomes (PDT) e Eduardo Girão (Pros).

9. Foram definidos no DOU desta quarta-feira (5) os grupos temáticos da transição do governo.  Minas e Energia será coordenada por Paulo Cesar Coutinho, professor titular da UnB e fazem parte Bruno Eustáquio (coordenador-adjunto); Adriano Drummond Cançado Trindade; Ana Lúcia Alvares Alves; Flávio Augusto Correa Basilio; Luciano de Castro; Valéria de Jesus Rodrigues Souza.

De acordo com o Currículo Lattes, Paulo Cesar começou a carreira acadêmica no fim dos anos 1980, com pesquisas na área de economia, regulação, portos e energia.