Diário da Transição – Dia 26

O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, fala à imprensa no CCBB, em Brasília.
O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, fala à imprensa no CCBB, em Brasília.

Caixa 2 de Onyx investigado, a resposta de Moro, Bolsonaro e o MDB, e os candidatos tucanos no novo governo, nesta terça-feira (4/12)

1. O ministro do STF, Edson Fachin, autorizou o prosseguimento da investigação envolvendo pagamentos ao deputado Onyx Lorenzoni, em dos desdobramentos da operação Lava Jato. A investigação entre em fase de petição anônima, um etapa preliminar. Onyx, em vídeo, admitiu que recebeu R$ 100 mil da JBS durante a campanha de 2014, mas recentemente surgiu em uma delação a informação que ele teria pagamentos desde 2012, o que o deputado nega. Onyx afirmou que a investigação é uma benção. Informações da Folha.

2. Onyx é o principal quadro político da equipe de transição de Bolsonaro, indicado para liderar a Casa Civil. O deputado do DEM do Rio Grande do Sul vem, contudo, sofrendo desgastes na transição, não apenas por ser alvo de uma investigação que nasceu na Lava Jato, tema da campanha bolsonarista, mas também sobre qual será sua relevância no governo, haja vista a indicação do general Carlos Santos Cruz para a Secretaria de Governo.

Com a indicação do General Heleno para  Segurança Institutional, Santos Cruz na articulação e cuidando do PPI, o vice Hamilton Mourão com um protagonismo assumido no governo – todos no Planalto –, o papel de Onyx pode estar sendo esvaziado.

3. Em uma entrevista para o canal My News, Mourão afirmou que é preciso uma lei complementar para definir o papel do vice-presidente. Reforçou que vai atuar em um centro de controle do governo de Bolsonaro.

4. Questionado sobre Onyx, o ex-juiz federal Sérgio Moro, afirmou que o deputado investigado é de confiança. “Onyx tem minha confiança pessoal. Sei do grande esforço que ele fez para aprovar as Dez Medidas Contra a Corrupção”. Informações do Estadão.

5. Em uma tacada, dois candidatos do PSD, derrotados no Ceará, foram escolhidos para integrar o governo. Moro escolheu o general da reserva Guilherme Theophilo, do PSDB, para a Secretaria Nacional de Segurança Pública. Theophilo perdeu a disputa pelo governo, em que Camilo Santana (PT) foi eleito.

De acordo com informações do Painel, na Folha, o futuro ministro da Saúde, Luiz Mandetta, convidou Mayra Pinheiro para a Secretaria da Gestão do Trabalho e da Educação da Saúde (SGTES). Mayara Pinheiro ficou em quarto na disputa pelas vagas ao Senado, que elegeu Cid Gomes (PDT) e Eduardo Girão (Pros)

Os movimentos reforçam as especulações que Tasso Jereissate, cacique tucano do estado e pré-candidato à presidência do Senado, pode contar com apoio do governo de Bolsonaro.

6. Bolsonaro recorreu à mesma retórica de Paulo Guedes, revelada por Eunício Oliveira, para convencer deputados que precisam apoiar o seu governo: o PT vai voltar. O presidente eleito abriu sua agenda para os partidos e recebeu hoje o MDB, de Temer. Bolsonaro afirmou que não fez promessas de alinhamento com partidos, mas, segundo relatos da reunião, argumentou que um fracasso do seu governo pode significar a volta do PT ao poder. Hoje, Bolsonaro recebeu o MDB e o PRB; amanhã as reuniões serão com PSDB e PR.

Quem concorda é o tucano Geraldo Alckmin, que em tom de crítica afirmou, durante a sua campanha presidencial, que eleger Bolsonaro seria um passaporte para a volta do PT.

Em novembro, Paulo Guedes foi negociar a Previdência em uma reunião que contou com a presença de Eunício Oliveira. O senador relatou ao BuzzFeed que um dos argumentos de Guedes é que se a reforma da Previdência passar, o país volta a crescer; se não, o PT vai voltar.