Diário da Transição – Dia 10

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Ex-ministro da Fazenda de Dilma Rousseff, Joaquim Levy aceitou o convite para presidir o BNDES. O nome foi confirmado nesta segunda-feira (12/11) pela assessoria de Paulo Guedes, futuro ministro da Economia, responsável pela escolha.

Bolsonaro deu uma coletiva hoje, no Rio de Janeiro, e o destaque foi a confirmação das conversas com Luiz Henrique Mandetta, deputado federal pelo DEM do Mato Grosso do Sul, para o Ministério da Saúde. Se for em frente, será o terceiro nome do DEM. Amanhã, Bolsonaro retorna para Brasília.

1. “Joaquim Levy deixa a diretoria financeira do Banco Mundial para integrar a equipe econômica do governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro”, informa a nota da assessoria de Guedes. Além da passagem pelo governo Dilma – foi ministro da Fazenda em 2015 –, Levy trabalhou no para Lula, como secretário do Tesouro (o ministro da Fazenda era Antônio Palocci), e chefiou a assessoria econômica do Ministério do Planejamento durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso. Também foi secretário da Fazenda no Rio, no primeiro mandato de Sérgio Cabral.

2. Sobre a escolha por Levy, Bolsonaro afirmou que quem está bancado o nome é Paulo Guedes: “Ele está bancando o nome de Joaquim Levy. Ele [Levy] tem um passado com a Dilma, (…) tem um passado com o governo Cabral, mas nada tem contra sua conduta profissional. Assim sendo, eu endosso Paulo Guedes”.

3. Mas se não “abrir a caixa-preta”, cai. Em áudio enviado ao Antagonista, Bolsonaro voltou a falar sobre o fim de sigilos do BNDES: “a caixa-preta vai ser aberta na primeira semana, se não abrir, ele [Levy] tá fora. Alguns falam que não tem caixa-preta…Eu quero a suspensão de todos os sigilos”.

Semana passada, citamos como os dados de empréstimos do BNDES têm sido um tema recorrente de Bolsonaro e que o banco vem mantendo uma campanha na rede sobre sua política de transparência. uma das mensagens do BNDES: “desde 2002, dez dados públicos de todos os empréstimos estão disponíveis: cliente, porte do cliente, valor, prazo de pagamento, taxa de juros, tipo de garantia, finalidade, data da contratação, cidade e UF do cliente e situação do empréstimo”.

4. Avanço do DEM. A confirmação, por Bolsonaro, que Luiz Henrique Mandetta (DEM/MS) é cogitado para a Saúde pode resultar uma presença ainda maior do DEM no governo. Estão confirmados Onyx Lorenzoni (DEM/PR), na Casa Civil, e Tereza Christina (DEM/MS) na Agricultura. Outro nome especulado para a Saúde é o de Henrique Prata, diretor do Hospital do Câncer de Barretos. Em outubro, Bolsonaro afirmou que não queria desmerecer Prata, mas que não tinha feito o convite.

5. Quem também aparece nas especulações, mas para o Ministério de Minas Energia, é o ex-ministro da pasta, Fernando Coelho Filho, do DEM de Pernambuco. Coelho Filho assumiu o ministério após o impeachment de Dilma, mudou de partido quando o PSB desembarcou do governo Temer em 2017 e, já no DEM, foi ministro até abril, quando assumiu Moreira Franco (MDB).

6. Para o Ministério de Minas e Energia e para a Petrobras têm circulado nomes que sinalizam para uma continuidade. Semana passada, o vice eleito, Hamilton Mourão, elogiou a diretoria da Petrobras e reforçou a necessidade de privatização de ativos da Eletrobras, por exemplo. Algumas apostas:

Luciano de Castro, economista e professor associado da Universade de Iowa, nos EUA. Participa da transição atuando no Ministério de Minas e Energia é um dos cotados para assumir um cargo executivo na pasta.

Roberto Castello Branco, ex-diretor da Vale e ex-conselheiro da Petrobras, surgiu nas especulações para assumir presidência da petroleira ou até mesmo o ministério. De acordo com a Reuters, em outubro, ele teria descartado o cargo na Petrobras. É diretor da FGV.

— A permanência de Ivan Monteiro, atual presidente da Petrobras, não surpreenderia.

7. A atriz Maitê Proença afirmou que foi sondada para o Ministério de Meio Ambiente. Ao O Globo, disse que seria “apenas uma ideia” e defendeu a retirada de um viés ideológico da condução das políticas ambientais. Reforçam a especulação: é, de certa forma, próxima de Bolsonaro (foi casada com Paulo Marinho, empresário do círculo próximo do presidente eleito); é ligada à causas ambientais, tendo participado de campanhas, e contaria, segundo o Estadão, com apoio de ambientalistas.

Não é a estreia de Maitê na cobertura política. O Poder360 resume: consta no SwissLeaks como proprietária de uma conta ativa entre 2006 e 2007 com US$ 585 mil (ela nega ter conta na Suiça); e é alvo de críticas por receber pensões destinadas a filhas solteiras da previdência do estado de São Paulo – a SPPrev cortou o benefício em 2009 devido ao relacionamento de 12 anos com Paulo Marinho, com quem Maitê Proença tem uma filha, mas a atriz conseguiu reverter a decisão na Justiça.

Com informações de Estadão, O Globo, G1, Folha de São Paulo, Reuters, Poder360