Congresso

Deputada propõe taxa de responsabilidade climática para classe executiva e jatos

PL cria cobrança adicional a passageiros de classes executivas e jatos particulares, além de taxa por tonelada de CO2 emitida

Deputada Sâmia Bomfim (PSOL/SP). Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados
Deputada Sâmia Bomfim (PSOL/SP). Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

BRASÍLIA — A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL/SP) apresentou projeto de lei que prevê cobrança adicional sobre jatos particulares e passagens aéreas em classes executivas ou superiores.

Protocolado nesta quinta-feira (3/7), o PL que cria a Contribuição de Responsabilidade Climática estabelece acréscimos sobre os preços das passagens e por tonelada de CO2 emitida.

A parlamentar propõe cobrança de 5% sobre o valor da passagem em voos domésticos na classe executiva ou superior e 10% para voos internacionais.

Também estabelece R$ 500 por tonelada de CO2 emitida em voos dentro o país e R$ 1.000 para os internacionais. Prevê, ainda, uma atualização desses valores de acordo com o IPCA.

Os valores se aproximam do preço do carbono em mercados regulados. No ETS europeu, por exemplo, a tonelada de CO2 atingiu o custo de 71,93 euros (R$ 457,57) na terça (2/7).

A título de comparação, voos comerciais domésticos emitem, em média, 0,5 a 1 tonelada de CO2 por passageiro. Já um voo internacional pode emitir entre 2 e 5 toneladas de CO2 por passageiro.

Desconto para quem usa SAF

O PL de Sâmia Bomfim prevê desconto de 50% na contribuição para aeronaves que utilizem ao menos 50% de combustível sustentável de aviação (SAF) na operação.

Destina o mesmo incentivo a aeronaves híbridas ou elétricas, com autonomia superior a 500km, e emissão inferior a 50% da média do setor.

Sancionada em 2024, o Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação (ProbioQAV), que integra a lei do Combustível do Futuro, prevê mandato de descarbonização do setor aéreo a partir do uso de SAF, começando em 1%, em 2027, chegando a 10% em 2037.

O mandato deve valer para voos comerciais e não alcança os jatinhos particulares.

Vale dizer: o Brasil ainda não tem produção de SAF em escala comercial.

Bomfim justificou o projeto apontando a necessidade de redução de emissões do setor, e alegou inspiração de medidas já implementadas ou em curso na França, Espanha, Reino Unido e Barbados. O projeto destina a arrecadação, de forma integral, ao Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNMC).

Net zero na aviação

Responsável por cerca de 2% das emissões globais de CO2, a aviação civil internacional tem meta de emissões líquidas zero até 2050, e precisa adotar uma série de medidas para alcançá-la.

Melhorias na eficiência operacional e de consumo de combustível, substituição do querosene fóssil por SAF e compensação de emissões com créditos de carbono são algumas delas.

O Esquema de Compensação e Redução de Carbono para a Aviação Internacional (Corsia) estabeleceu que, na fase voluntária (2021-2026), as companhias aéreas brasileiras devem apenas monitorar e reportar suas emissões, sem obrigação de compensá-las.

Após 2027, entra a fase obrigatória, em que o saldo de emissões superior a 2020 deverá ser compensado pela compra de créditos de carbono ou do uso de SAF.

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