Pressão bilateral

Compra de óleo e fertilizante da Rússia é assunto sensível, diz, nos EUA, Tereza Cristina

Senadores americanos veem importações brasileiras como apoio indireto à guerra e tema será incluído em relatório da comitiva brasileira

Comitiva de senadores brasileiros concede coletiva em Washington, em 30 de julho de 2025, durante viagem aos EUA para negociar tarifaço de Trump (Foto Reprodução TV Senado)
Comitiva de senadores brasileiros concede coletiva em Washington, em 30 de julho de 2025, durante viagem aos EUA para negociar tarifaço de Trump (Foto Reprodução TV Senado)

A senadora Tereza Cristina (PP), integrante da comitiva de senadores que está em Washington (EUA) para debater as tarifas dos Estados Unidos ao Brasil, afirmou nesta quarta-feira (30/7), que os parlamentares americanos ouvidos pelo grupo manifestaram preocupação com as compras de petróleo e fertilizantes russos feitas pelo Brasil.

“Esse assunto de compra de óleo e fertilizantes da Rússia é um assunto sensível e será inserido em nosso relatório quando voltarmos ao Brasil. Foi um assunto que ouvimos de parlamentares e da iniciativa privada. Tantos senadores democratas e republicanos com quem conversamos tocaram nesse assunto”, afirmou Tereza Cristina em entrevista a jornalistas em Washington.

Segundo a senadora, os parlamentares americanos “acham que quem compra da Rússia dá munição” para o país continuar com a guerra contra a Ucrânia.

A comitiva de senadores viajou no fim de semana para os Estados Unidos para uma série de reuniões com parlamentares e empresários norte-americanos. Segundo Esperidião Amin (PP/SC), que também participa da comitiva, nenhum senador “saiu do Brasil achando que ia negociar taxa”, mas para azeitar a relação entre o Congresso dos dois países.

“Anunciar numa carta uma sobretarifa para vigorar em 20 dias é não querer negociação. Estamos aqui para pedir negociação”, disse Esperidião Amin.

Congresso dos EUA quer lei para sanções contra Rússia

O senador e integrante da comitiva Carlos Viana (Podemos) também afirmou nesta quarta (30/7) que o grupo foi alertado por congressistas americanos da aprovação de uma lei para punir quem mantiver negociações com a Rússia. A medida poderia afetar o Brasil, que faz comércio de fertilizantes com o país.

“Há outra crise pior que pode nos atingir em 90 dias. Tanto republicanos como democratas foram firmes em dizer que vão criar uma lei para aplicar sanções automáticas para todos os países que negociam com a Rússia. E não será um decreto do presidente da República como foi o tarifaço, será uma lei americana. Os dois partidos apoiarão”, disse Viana em entrevista a jornalistas em Washington.

Para o senador, o “recado” dos congressistas possibilitará ao Brasil ter tempo de se preparar, diferentemente do que houve com as tarifas, que entrarão em vigor na sexta-feira, 1º de agosto.

“Temos que trabalhar com antecedência. A política externa brasileira está sendo avisada de que há algo que poderá nos atingir com muito mais força nos próximos 90 dias. Estamos fazendo esse alerta”, falou.

Segundo Viana, um senador norte-americano afirmou à comitiva que o Brasil poderá ter a possibilidade de apresentar razões para conseguir manter a compra de fertilizantes sem ferir a lei americana.

Por Aline Bronzati, enviada especial, e Naomi Matsui.

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