No Workshop de Segurança Operacional e Meio Ambiente (IV SOMA), realizado pela ANP em 21 de novembro, fica evidente a evolução da organização interna da agência e a mobilização dos servidores para atingir metas desenhadas para o tema. Um bom exemplo de gestão da superintendência da área.
Há, certamente, desafios novos por vir.
A ANP poderia passar a adotar o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade, que tem como gestor o Inmetro e seus organismos acreditados como braços operacionais, para realizarem as tarefas de verificação nas unidades produtoras de E&P. Também seus órgãos estaduais conveniados nominados de Ipems (Instituto de Pesos e Medidas) com o foco no downstream brasileiro. Incluindo a parte de produtos e derivados, tão demandante de capilaridade pelo imenso território nacional que temos.
A ANP passaria a ser, neste conceito, um articulador de órgãos que têm em sua essência medir, verificar, aferir processos e equipamentos de toda natureza. Ao invés de gastar diretamente esses recursos com pessoal e viagens, poderia transformar em contratos com especialistas desses órgãos, passando a fazer a normatização, as inserções amostrais, a inteligência de dados e o encaminhamento de decisões com cada vez mais embasamento.
Poderia utilizar-se de certificações, com as grandes entidades mundiais e nacionais, para ver a fundo as questões de “saúde” dos processos, procedimentos e capacitação das operadoras, no que se refere a segurança operacional.
Um técnico da ANP que visite uma plataforma de produção, apesar do excelente nível atual, em princípio não conseguiria verificar com profundidade as condições dos equipamentos, como vibração, temperatura, tempo de vida útil de partes, desgastes, dentre tantas outras variáveis mecânicas, elétricas, eletrônicas, etc. desse ambiente. Claro, se baseia em relatórios, verificação documental, entrevistas, verificação visual, porém isto não atingiria os sistemas por dentro, ainda menos os sistemas subsea e poços.
Simultaneamente a isto, surge uma oportunidade para automação da captura das variáveis essenciais de sistemas, tanto de superfície como submersos, e remessa continua a um painel de visualização e alertas. Essa “pesca” de dados poderia incluir temperatura, pressão, presença de gases, vibração, deslocamento, desgaste, tempo de vida, etc., incluindo monitoramento visual remoto e focalizado de ambientes específicos. Máquinas, sistemas, módulos, unidades, quase tudo pode ser monitorado remotamente.
Haveria uma propagação de atores, uma redução no ciclo de uma rodada de visitas, que passariam a ser contínuas ao invés de intermitentes.
O poder da agência não se reduziria, ao contrário, se multiplicaria, pois estaria assegurando ainda mais a performance nas raízes dos processos produtivos e seus recursos, sendo o órgão articulador e gestor da atividade como um todo.
Ao mesmo tempo, teria mais força para colocar em prática um Sistema de Consequências célere e forte.
Aquelas empresas com processos certificados seriam menos visitadas. Estaria sendo dada força para a certificação, tão bem utilizada pelo mundo e crescente no Brasil.
Mas a ANP deixaria de verificar ela mesmo as operações?
No volume total, sim. Mas faria isso de maneira mais seletiva, visando compliance, conformidade do sistema como um todo, fazendo inserções amostrais profundas para entendimento de como o sistema como completo estaria funcionando.
Estaria decidindo sobre melhores dados, mais dados, com colaboração de especialistas de máquinas e equipamentos, processos, etc. Iria no foco de solução dos problemas, com tempo e recursos, e amostragem para comparação.
Se tornaria cada vez mais agência reguladora do que agência executora.
Sugestões, apenas.