Competição será mais acirrada entre países e não apenas entre empresas, afirma Daniel Yergin

Competição será mais acirrada entre países e não apenas entre empresas, afirma Daniel Yergin

Com as mudanças no cenário global de energia envolvendo questões climáticas e as transformações geopolíticas, torna-se fundamental que o Congresso Nacional e o governo brasileiro se adaptem para manter a competitividade do país, afirma Daniel Yergin, vice-presidente do conselho da IHS Markit.

Segundo ele, as empresas serão cada vez mais seletivas na hora de decidir globalmente o destino de seus investimentos, em busca de estabilidade, competitividade em termos fiscais e transparência regulatória.

O resultado será o acirramento da competição entre países e não apenas entre empresas.

O executivo conversou nesta terça (2) com a presidente do IBP, Clarissa Lins, sobre o seu novo livro, The new map: Energy, Climate and the Clash of Nations, na Rio Oil & Gas 2020.

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Numa perspectiva de curto prazo, Daniel Yergin vê com otimismo a vitória do democrata Joe Biden para a presidência dos EUA, assim como a indicação do ex-secretário John Kerry para conduzir as questões climáticas.

Ele acredita que haverá uma mudança de posicionamento dos EUA acerca de fontes de energia de baixa emissão de carbono.

“Acho que os EUA terão uma agenda climática em cada gabinete e o país será ativo novamente na política climática”, aposta.

No atual cenário, a China tornou-se altamente dependente do mercado internacional de petróleo, inclusive o brasileiro, que fornece hoje 60% de seu óleo bruto para o país asiático.

Yergin lembra que, mesmo liderando o mercado de carros elétricos, a China ainda deve depender do petróleo por pelo menos uma década.

E a recente promessa feita pelo governo chinês na ONU, de atingir uma economia neutra em emissões até 2060, representará um grande desafio para um país que tem 60% de carvão em sua matriz.

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No nível corporativo, concorda com que há uma busca das empresas pelo cumprimento das metas do Acordo de Paris.

Mas será preciso, entretanto, um período de adaptação, uma vez que 80% da economia mundial ainda dependem de combustíveis fósseis.

“Acho que a indústria está disposta a fazer isso e estamos vivendo uma nova era”, afirma.

Especificamente durante o período que estamos vivendo com a pandemia da Covid-19, Yergin destaca a eficiência da indústria do petróleo que manteve seu fluxo sem conturbações. Num exercício de previsão para o cenário pós-pandemia, Yergin arrisca dizer que, em 2022, a demanda por petróleo se igualará a 2019. Segundo ele, a recuperação da economia se dará no meio do ano que vem, com a chegada das vacinas.

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