Energia Nuclear

CNPE adia decisão e futuro de Angra 3 será definido em janeiro

Obras se arrastam há 40 anos e tem gerado custos de manutenção e dívidas para a Eletronuclear

Alexandre Silveira na reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Foto: Tauan Alencar/MME
Alexandre Silveira na reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Foto: Tauan Alencar/MME

BRASÍLIA – A decisão sobre o destino da usina nuclear de Angra 3 ficou para janeiro de 2025. Durante a reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) desta terça (10/12), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, chegou a pautar a continuidade das obras e conclusão da terceira usina de Angra dos Reis (RJ), orientando pela aprovação.

A pauta, no entanto, foi objeto de um pedido de vistas coletivo, que jogará a decisão para reunião extraordinária no fim de janeiro.

Segundo fontes do governo que acompanharam a reunião, durante as discussões sobre o futuro da usina, o ministro apresentou duas condicionantes.

Uma delas diz respeito à apresentação, pela Casa Civil, do melhor modelo de governança para a Eletronuclear e a outra se refere à elaboração de um estudo, que envolverá os ministérios da Fazenda, do Planejamento e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para avaliar possíveis fontes de financiamento.

A medida visa aliviar o Orçamento Geral da União (OGU) da alocação de recursos públicos para a conclusão da obra, que se arrasta há 40 anos e já consumiu R$ 23 bilhões.

A projeção apresentada por Silveira no CPNE, conforme fontes ouvidas pela agência eixos, é que custe mais R$ 20 bilhões para terminar a usina. A tarifa está estimada em R$ 640 por MWh.

A Eletronuclear conseguiu um waiver sobre a dívida com o BNDES e a Caixa Econômica. Uma parcela de R$ 750 milhões, que venceria em janeiro, poderá ser paga em dezembro de 2025.

Dívidas com fornecedores

Sefundo a Eletronuclear, em fevereiro de 2024 a empresa já alertava para a insuficiência de recursos destinados a Angra 3, o que levou a companhia “a suspender e reduzir diversos contratos relacionados ao empreendimento”. 

Mesmo assim, a Eletronuclear disse que em outubro de 2024, “os recursos para Angra 3 foram exauridos”, o que levou a empresa a utilizar seu próprio caixa para cobrir as despesas da obra inacabada.

“Entretanto, os recursos de Angra 1 e de Angra 2 não são suficientes para fazer frente aos custos, mesmo das obras suspensas ou em ritmo reduzido de Angra 3”, disse a empresa em nota encaminhada no dia 7 de novembro.