Cessão onerosa depende de requerimento de Fátima Bezerra

Sem experiência no Executivo, senadora Fátima Bezerra (PT) lidera as pesquisas há um mês com base na rejeição ao governo de Robson Faria (PSD)/ Foto: PT no Senado
Sem experiência no Executivo, senadora Fátima Bezerra (PT) lidera as pesquisas há um mês com base na rejeição ao governo de Robson Faria (PSD)/ Foto: PT no Senado

 

O PLC 78/2018, que libera a Petrobras para vender até 70% dos campos da cessão onerosa e também regulamenta o modelo que será feito o leilão do seu excedente, ainda está parado no Senado aguardando a votação de um requerimento feito pela senadora Fátima Bezerra (PT/RN). A parlamentar apresentou no último mês um pedido para que o projeto tramite também na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) do Senado, presidida por ela.

A votação do requerimento não consta da Ordem do Dia desta terça-feira, primeiro dia de votações da semana de esforço concentrado no Congresso Nacional. O Senado, contudo, tem ainda mais dois dias de votação nesta semana.

Se for aprovado o requerimento, a senadora pode escolher o relator ou relatora do projeto na CDR. A vice-presidente da comissão é a senadora Lídice da Mata (PSB/BA), também da oposição.

Enquanto não é analisado pelo Plenário do Senado, o PL da cessão onerosa não abre prazo para recebimento de emendas e também não recebe indicação de relatores nas comissões. A matéria vai passar pelas comissões de Constituição e Justiça, Assuntos Econômicos e Serviços de Infraestrutura, comandadas por Edison Lobão (MDB/AM), Tasso Jereissati (PSDB/CE) e Eduardo Braga (MDB/AM), respectivamente.

Afinal, o que está em jogo?

Através da Cessão Onerosa, a Petrobras adquiriu os direitos para explorar, avaliar e produzir até 5 bilhões de barris de óleo equivalente (petróleo + gás natural) em seis áreas do pré-sal da Bacia de Santos. Para esta transação, a Petrobras pagou R$ 75 bilhões (US$ 42 bilhões) em 2010. O volume de todo o projeto está sendo revisto após as declarações de comercialidade.

A engenharia foi criada pelo governo Lula para a empresa poder fazer uma capitalização na Bolsa de Valores e a participação do governo na empresa não ser diluída. A União, na época, usou os próprios recursos recebidos pela Petrobras para acompanhar a chamada de capital, que levantou naquele ano R$ 120 bilhões. Com isso, aumentou de 40% para 48% sua participação no controle da empresa.

O valor do Contrato de Cessão Onerosa foi determinado através de negociação entre a Petrobras e a União Federal, baseado em laudos técnicos elaborados por entidades certificadoras independentes, que foram contratadas pela Petrobras e pela ANP, nos termos da Lei nº 12.276/10, resultando em um preço médio ponderado de R$ 14,96 (US$ 8,51) por barril pelas áreas.

Negociação já foi fechada uma vez

Em 2014, no governo Dilma Rousseff, e com Graça Foster no comando da Petrobras, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou a contratação direta da Petrobras para a produção do volume excedente das áreas de Búzios, Entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi. Os contratos de partilha de produção para estas quatro áreas teriam 35 anos e a Petrobras pagaria R$ 2 bilhões em bônus de assinatura e anteciparia R$ 13 bilhões em excedente em óleo entre 2015 e 2018.

Naquele momento, a ANP e o governo entendiam que as áreas tinham entre 9,8 e 15,2 bilhões de barris de óleo equivalente excedente, 2,8 bilhões a mais na estimativa inferior feita hoje pela própria agência.

O Tribunal de Contas da União (TCU), contudo, entendeu que a Petrobras e a União não poderiam contratar o excedente da cessão onerosa antes de fechar a revisão do contrato original. Em novembro de 2014, proibiu que o governo assinasse com a Petrobras o contrato e determinou que fossem feitos ajustes no contrato original.