RIO – O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, foi exonerado por Jair Bolsonaro (PL) nesta quarta (11), a pedido, segundo publicação no Diário Oficial da União (DOU). No mesmo ato, Bolsonaro nomeou Adolfo Sachsida, que deixa o cargo de chefe da Assessoria Especial do Ministro da Economia, Paulo Guedes.
Bento Albuquerque foi exonerado menos de uma semana após Bolsonaro exigir, na quinta (5), que a Petrobras mantivesse os preços do diesel congelados até o fim da crise internacional que provocou uma disparada dos preços dos combustíveis. Quatro dias depois, a companhia reajustou o diesel em 8,8%.
“Vocês não podem, ministro Bento Albuquerque e senhor José Mauro, da Petrobras, não podem aumentar o preço do diesel. Não estou apelando, estou fazendo uma constatação, levando-se em conta o lucro abusivo que vocês [Petrobras] têm. Vocês não podem quebrar o Brasil”, disse Bolsonaro na semana passada.
O aumento ocorre apesar de os preços do petróleo cru terem se mantido relativamente estáveis no período.
Bento Albuquerque teve influência na escolha do atual e do ex-presidente da Petrobras. Demitido por Bolsonaro, o general Joaquim Silva e Luna é próximo do agora ex-ministro de Minas e Energia e, antes, havia exercido o cargo de diretor-geral de Itaipu Binacional.
Com o fracasso da indicação do consultor Adriano Pires para a presidência da Petrobras, Bento Albuquerque ajudou a bancar a escolha de José Mauro Coelho para o cargo. O novo comandante da petroleira havia sido subordinado de Albuquerque, como secretário de Petróleo e Gás Natural no MME.
A troca no MME acontece em meio a uma nova escalada de críticas de Bolsonaro sobre a administração da Petrobras.
Minutos antes de a estatal divulgar um lucro de R$ 44,8 bilhões no primeiro trimestre, no dia 5, Bolsonaro disse que a empresa está “abusando do povo brasileiro” e que a inflação dos combustíveis pode “quebrar e levar o Brasil para uma situação bastante complicada”.
O presidente da República fez o apelo diretamente ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e ao novo presidente da Petrobras, José Mauro Coelho — que tomou posse há apenas 22 dias.
“Apelo para que contenham, diminuam um pouco o lucro abusivo que vocês têm em detrimento da população brasileira”, discursou o presidente, durante live com seguidores nas redes sociais, sem mencionar que a União, controladora da companhia, é a acionista que mais recebe recursos da distribuição dos dividendos da petroleira.
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Almirante de esquadra da Marinha do Brasil, Bento Albuquerque assumiu o Ministério de Minas e Energia com a posse de Bolsonaro, em 2019.
Na Marinha, comandou o programa nuclear nos governos do PT e além de acumular cargo em conselhos das estatais como Amazônia Azul Tecnologias de Defesa (Amazul) e da Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Itaipu Binacional.