BRASÍLIA — A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que o investimento no aumento da capacidade de refino da refinaria Duque de Caxias (Reduc) irá superar o feito na ampliação da refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, que passa por obras de modernização.
As declarações foram dadas durante evento para anunciar investimentos de R$ 33 bilhões em refino e petroquímica nesta sexta-feira (4/7).
O acréscimo no refino da Reduc representa mais do que o dobro do que foi agregado à refinaria em Pernambuco. “Recentemente, nós anunciamos a conclusão bem sucedida da expansão do primeiro trem da Rnest. Ela agregou 50 mil barris por dia no primeiro trem da refinaria. O que nós vamos fazer na Reduc é o dobro disso: são 110 mil barris a mais por dia”, disse.
A Rnest ou Refinaria Abreu e Lima, foi a única a sair do papel quando a Petrobras retomou a construção de novas unidades, ao passo que a refinaria do Comperj e as Premium I e II foram canceladas.
A Rnest entrou em operação em 2014, com capacidade de processar 88 mil barris por dia e vai alcançou a capacidade total do trem 1 apenas em março deste ano, de 130 mil. O trem dois foi contrato em junho, por R$ 4,9 bilhões e entrega em 2029.
Chambriard ressaltou que a retomada de investimento em refinarias é um passo na direção de reduzir a dependência externa de combustíveis. “Não não gostamos de importar derivados. Nós gostamos que esses derivados sejam fabricados aqui, gerando empregos e renda, e mostrando a capacidade do sistema Petrobras”, reforçou.
A CEO da estatal também destacou o papel da operação do gasoduto de escoamento Rota 3 para os projetos da Reduc, do complexo de energias Boaventura e do polo petroquímico da Braskem.
Estão contempladas uma planta dedicada de BioQAV no Complexo Boaventura (antigo Comperj), com capacidade de produção de 19 mil bpd de combustíveis renováveis incluindo o HVO, que substitui completamente o diesel, e o combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), por meio de coprocessamento de óleos vegetais e petróleo.
O complexo também contará com duas termelétricas a gás para participação nos leilões de reserva de capacidade. O projeto de engenharia das termelétricas foi aprovado e as unidades aproveitarão as sinergias com a infraestrutura da unidade de processamento de gás natural (UPGN) de Itaboraí.
Coprocessado é combustível do presente
A CEO da Petrobras também afirmou não gostar da terminologia “combustível do futuro”, pois a companhia já fabrica os “combustíveis do presente”, investindo em opções mais renováveis, que contribuam para o atingimento Net Zero em 2050.
A Reduc já produz diesel coprocessado, com 5% de conteúdo renovável, e tem autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para aumentar o teor para 7%.
“Com esse investimento, vamos gerar 38 mil postos de trabalho em um local que já se encontra carente de soldadores, caldeireiros e eletricistas. Nós, em parceria com a Firjan [Federação das Indústrias do Rio de Janeiro], treinaremos esses profissionais”, disse.
Na produção de SAF, será usado um 1,2% de óleo vegetal. O coSAF, como também é chamado o combustível de aviação coprocessado, é a aposta da Petrobras para atender os primeiros anos das metas obrigatórias do setor.
Magda fortalecida na Petrobras
O presidente Lula (PT) fez uma série de afagos à CEO da Petrobras no evento desta sexta-feira (4/7). O presidente afirmou que a executiva faz uma gestão “extraordinária” da companhia.
“Eu acho que a Magda é daquelas coisas boas que acontecem na vida da gente, e quem olha para a Magda, assim, à primeira vista, essa mulher frágil, essa mulher que anda devagar, essa mulher que fala manso, não tem condições de dirigir uma empresa da magnitude da Petrobras. E a surpresa é que a companheira Magda é extraordinariamente competente. Não para dirigir uma Petrobras, mas para dirigir duas Petrobras. Eu quero dizer que estou muito orgulhoso da Petrobras”, acrescentou Lula.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD/MG), também fez coro aos elogios à gestão de Chambriard, elogiando a “sapiência, a lucidez, e a coragem”.
Silveira retornou nesta sexta do evento promovido pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), de Gilmar Mendes, que reuniu políticos de alto escalão em fórum jurídico na capital portuguesa, Lisboa.
Refino, térmicas e petroquímica
Esta nova estrutura ampliará a produção de diesel S-10 em 76 mil barris por dia (bpd), sendo 56 mil provenientes da troca de qualidade (de opções com maiores para uma com menor teor de enxofre) e 20 mil em capacidade adicional. O projeto também prevê um aumento da capacidade de produção de querosene de aviação (QAV) em 20 mil bpd e de lubrificantes em 12 mil bpd.
Também estão planejados investimentos de até R$ 2,4 bilhões em paradas de manutenção da Reduc no período de 2025 a 2029, para garantir a integridade, a confiabilidade e a segurança das instalações.
A Reduc concluiu o teste de produção do primeiro combustível de aviação com SAF por coprocessamento, alcançando até 1,2% de óleo de milho na fabricação do QAV. A autorização pela ANP já foi emitida e a produção comercial na Reduc terá início nos próximos meses, com capacidade de até 50 mil m³/mês (10 mil bpd).
A nova central termelétrica a gás natural substituirá a geração de energia elétrica a vapor, com um investimento estimado em R$ 860 milhões.
Na área da petroquímica, está em estudo a oportunidade de produção de ácido acético e monoetilenoglicol (MEG) no Complexo Boaventura. O ácido acético é um importante insumo para produção de tintas, PET e para indústria química em geral.
Além dos projetos da Petrobras na região, os investimentos da Braskem incluem a expansão da sua planta de polietileno, que elevará a capacidade produtiva da unidade em até 230 mil toneladas por ano. O projeto, que utiliza parte do gás natural processado na Rota 3 do Complexo Boaventura, está orçado em cerca de R$ 4 bilhões.
- Combustíveis e Bioenergia
- Petróleo
- Política energética
- Alexandre Silveira
- Braskem
- Combustível do Futuro
- Combustível sustentável de aviação (SAF)
- Complexo de Energias Boaventura
- Diesel
- Diesel verde (HVO)
- Gasolina
- Itaboraí
- Lula
- Magda Chambriard
- Ministério de Minas e Energia (MME)
- ProBioQAV
- Refinaria Abreu e Lima (Rnest)
- Refinaria Duque de Caxias (Reduc)
- UPGN