Política energética

Aumento na capacidade de refino da Reduc vai superar Rnest, última grande refinaria da Petrobras

Investimentos na refinaria Duque de Caxias vão acrescentar 110 mil barris por dia de capacidade, enquanto modernização da Abreu e Lima terá crescimento de 50 mil barris

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e CEO da Petrobras, Magda Chambriard, durante Cerimônia de Anúncio de Investimentos da Petrobras em Refino e Petroquímica no Rio de Janeiro. Refinaria Duque de Caxias (REDUC), Duque de Caxias - RJ. Foto: Ricardo Stuckert / PR
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e CEO da Petrobras, Magda Chambriard, durante Cerimônia de Anúncio de Investimentos da Petrobras em Refino e Petroquímica no Rio de Janeiro. Refinaria Duque de Caxias (REDUC), Duque de Caxias - RJ. Foto: Ricardo Stuckert / PR

BRASÍLIA — A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que o investimento no aumento da capacidade de refino da refinaria Duque de Caxias (Reduc) irá superar o feito na ampliação da refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, que passa por obras de modernização.

As declarações foram dadas durante evento para anunciar investimentos de R$ 33 bilhões em refino e petroquímica nesta sexta-feira (4/7).

O acréscimo no refino da Reduc representa mais do que o dobro do que foi agregado à refinaria em Pernambuco. “Recentemente, nós anunciamos a conclusão bem sucedida da expansão do primeiro trem da Rnest. Ela agregou 50 mil barris por dia no primeiro trem da refinaria. O que nós vamos fazer na Reduc é o dobro disso: são 110 mil barris a mais por dia”, disse.

A Rnest ou Refinaria Abreu e Lima, foi a única a sair do papel quando a Petrobras retomou a construção de novas unidades, ao passo que a refinaria do Comperj e as Premium I e II foram canceladas.

A Rnest entrou em operação em 2014, com capacidade de processar 88 mil barris por dia e vai alcançou a capacidade total do trem 1 apenas em março deste ano, de 130 mil. O trem dois foi contrato em junho, por R$ 4,9 bilhões e entrega em 2029.

Chambriard ressaltou que a retomada de investimento em refinarias é um passo na direção de reduzir a dependência externa de combustíveis. “Não não gostamos de importar derivados. Nós gostamos que esses derivados sejam fabricados aqui, gerando empregos e renda, e mostrando a capacidade do sistema Petrobras”, reforçou.

A CEO da estatal também destacou o papel da operação do gasoduto de escoamento Rota 3 para os projetos da Reduc, do complexo de energias Boaventura e do polo petroquímico da Braskem.

Estão contempladas uma planta dedicada de BioQAV no Complexo Boaventura (antigo Comperj), com capacidade de produção de 19 mil bpd de combustíveis renováveis incluindo o HVO, que substitui completamente o diesel, e o combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), por meio de coprocessamento de óleos vegetais e petróleo.

O complexo também contará com duas termelétricas a gás para participação nos leilões de reserva de capacidade. O projeto de engenharia das termelétricas foi aprovado e as unidades aproveitarão as sinergias com a infraestrutura da unidade de processamento de gás natural (UPGN) de Itaboraí.

Coprocessado é combustível do presente

A CEO da Petrobras também afirmou não gostar da terminologia “combustível do futuro”, pois a companhia já fabrica os “combustíveis do presente”, investindo em opções mais renováveis, que contribuam para o atingimento Net Zero em 2050.

A Reduc já produz diesel coprocessado, com 5% de conteúdo renovável, e tem autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para aumentar o teor para 7%.

“Com esse investimento, vamos gerar 38 mil postos de trabalho em um local que já se encontra carente de soldadores, caldeireiros e eletricistas. Nós, em parceria com a Firjan [Federação das Indústrias do Rio de Janeiro], treinaremos esses profissionais”, disse.

Na produção de SAF, será usado um 1,2% de óleo vegetal. O coSAF, como também é chamado o combustível de aviação coprocessado, é a aposta da Petrobras para atender os primeiros anos das metas obrigatórias do setor.

Magda fortalecida na Petrobras

O presidente Lula (PT) fez uma série de afagos à CEO da Petrobras no evento desta sexta-feira (4/7). O presidente afirmou que a executiva faz uma gestão “extraordinária” da companhia.

“Eu acho que a Magda é daquelas coisas boas que acontecem na vida da gente, e quem olha para a Magda, assim, à primeira vista, essa mulher frágil, essa mulher que anda devagar, essa mulher que fala manso, não tem condições de dirigir uma empresa da magnitude da Petrobras. E a surpresa é que a companheira Magda é extraordinariamente competente. Não para dirigir uma Petrobras, mas para dirigir duas Petrobras. Eu quero dizer que estou muito orgulhoso da Petrobras”, acrescentou Lula.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD/MG), também fez coro aos elogios à gestão de Chambriard, elogiando a “sapiência, a lucidez, e a coragem”.

Silveira retornou nesta sexta do evento promovido pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), de Gilmar Mendes, que reuniu políticos de alto escalão em fórum jurídico na capital portuguesa, Lisboa.

Refino, térmicas e petroquímica

Esta nova estrutura ampliará a produção de diesel S-10 em 76 mil barris por dia (bpd), sendo 56 mil provenientes da troca de qualidade (de opções com maiores para uma com menor teor de enxofre) e 20 mil em capacidade adicional. O projeto também prevê um aumento da capacidade de produção de querosene de aviação (QAV) em 20 mil bpd e de lubrificantes em 12 mil bpd.

Também estão planejados investimentos de até R$ 2,4 bilhões em paradas de manutenção da Reduc no período de 2025 a 2029, para garantir a integridade, a confiabilidade e a segurança das instalações.

A Reduc concluiu o teste de produção do primeiro combustível de aviação com SAF por coprocessamento, alcançando até 1,2% de óleo de milho na fabricação do QAV. A autorização pela ANP já foi emitida e a produção comercial na Reduc terá início nos próximos meses, com capacidade de até 50 mil m³/mês (10 mil bpd).

A nova central termelétrica a gás natural substituirá a geração de energia elétrica a vapor, com um investimento estimado em R$ 860 milhões.

Na área da petroquímica, está em estudo a oportunidade de produção de ácido acético e monoetilenoglicol (MEG) no Complexo Boaventura. O ácido acético é um importante insumo para produção de tintas, PET e para indústria química em geral. 

Além dos projetos da Petrobras na região, os investimentos da Braskem incluem a expansão da sua planta de polietileno, que elevará a capacidade produtiva da unidade em até 230 mil toneladas por ano. O projeto, que utiliza parte do gás natural processado na Rota 3 do Complexo Boaventura, está orçado em cerca de R$ 4 bilhões.

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