Mercado de gás

ANP aprova projeto piloto da Virtu GNL para abastecimento de caminhões a GNL

Ideia é que o projeto experimental, que terá seis meses de duração, sirva de base para regulamentação futura da atividade

ANP aprova projeto piloto da Virtu GNL para instalação de ponto de abastecimento de caminhões a GNL. Na imagem: Caminhão da Scania 100% movidos a gás GNV ou GNL (Foto: Divulgação)
Caminhão da Scania 100% movidos a gás GNV ou GNL (Foto: Divulgação)

RIO – A diretoria da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou nesta quinta (25/7) um projeto experimental da Virtu GNL, para instalação de ponto de abastecimento de caminhões com gás natural liquefeito (GNL).

A ideia é que o piloto, que terá seis meses de duração, sirva de base para regulamentação futura da atividade.

A Resolução 939/2023, que regulamenta a operação de ponto de abastecimento de combustíveis líquidos, não cita, hoje, o GNL em seu escopo. A norma dispensa de autorização as instalações de armazenamento de agentes econômicos regulados pela ANP quando utilizadas para suprimento de sua frota de veículos.

O caráter inovador do projeto suscitou dúvidas, inclusive, sobre qual área técnica da ANP deveria ficar responsável pelo abastecimento veicular por gás natural liquefeito.

Em seu voto, a diretora e relatora do caso, Patrícia Baran, afirmou que a expectativa é que a iniciativa experimental ajude a trazer elementos para uma “futura acomodação da matéria no arcabouço regulatório da ANP” e para definição da superintendência que terá a atribuição de propor uma regulamentação da matéria

Regulação atual tem lacuna sobre assunto

Num primeiro momento, coube à Superintendência de Infraestrutura e Movimentação (SIM) a análise do tema, após a Virtu GNL provocar a agência sobre a necessidade ou não de autorização para instalação do ponto de abastecimento – e sobre que marco regulatório deveria ser observado.

Segundo Baran, em que pese a SIM entender que o abastecimento de veículos a GNL não se enquadra no seu rol de competências regimentais, não há uma unidade organizacional formalmente designada para regular a atividade na ANP.

A agência e a Virtu GNL assinarão um termo autorizativo, para disciplinar a operação do projeto. Os critérios para exercício do projeto experimental foram estabelecidos pela SIM, com apoio da Superintendência de Distribuição e Logística (SDL) e Superintendência de Biocombustíveis e de Qualidade de Produtos (SBQ).

No processo, a Procuradoria Federal junto à ANP entendeu haver “clara delimitação legal da competência da ANP” de regular, autorizar e fiscalizar atividades relacionadas ao GNL; e admitiu a possibilidade de autorização excepcional do projeto, com base na Resolução 939/2023.

O diretor da ANP, Daniel Maia, destacou em seu voto o caráter inovador do modelo de negócios da Virtu GNL. Citou que o modelo de ponto de abastecimento em questão, “a rigor, não se enquadra perfeitamente” dentro da regulamentação vigente.

A diretora Symone Araújo, por sua vez, afirmou que o projeto experimental abre caminho para que outros projetos semelhantes sejam desenvolvidos no mercado.

Virtu GNL mira substituição de diesel no Matopiba

A Virtu GNL, prestadora de serviços logísticos, aposta na descarbonização da frota de caminhões e encomendou, este ano, 150 veículos a gás para operar o novo negócio.

A empresa, em parceria com a Eneva e Scania, desenvolve um projeto de um corredor logístico rodoviário com foco na redução de emissões de CO2 nas regiões Norte e Nordeste.

O plano da companhia é instalar pontos de abastecimento de GNL, a começar pelo Maranhão, de olho no potencial de substituição do diesel na frota do agronegócio no Matopiba – acrônimo para a fronteira agrícola que reúne os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

A Eneva será a fornecedora do GNL, oriundo da planta de liquefação do Complexo Parnaíba (MA).

A Scania atuará como provedora da solução de transporte e a Virtu GNL será fornecedora de serviços logísticos como a operação dos caminhões e pontos de abastecimento.