Biocombustíveis

Política brasileira de SAF deve permitir importação para cumprir mandato

Das 27 premissas colocadas em consulta pública no final do ano passado, nove sofreram ajustes

Política brasileira de SAF deve permitir importação para cumprir mandato
Avião sendo abastecido em aeroporto

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Diálogos da Transição

eixos.com.br | 03/02/22
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Editada por Nayara Machado
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Publicada nesta quinta (3/2), a versão final das diretrizes para a política nacional de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, na sigla em inglês) abre possibilidade para importação para cumprir metas de descarbonização.

O documento foi aprovado pelo subcomitê ProBioQAV, grupo criado no programa Combustível do Futuro do Ministério de Minas e Energia (MME).

Das 27 premissas colocadas em consulta pública no final do ano passado, nove sofreram ajustes.

Prevaleceu uma demanda do mercado para que a definição do mandato seja a partir da redução de emissões do setor aéreo, com a possibilidade de uso de diferentes teores de combustível sustentável em qualquer parte do território nacional.

  • Vai em sentido diverso do proposto no PL 1873/2021, do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP/PR), que estabelece cronograma de mandatos para diesel verde e combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês)

 Em compensação, houve modificação na premissa que indica como essa meta será cumprida.

Originalmente, a proposta era que apenas a redução de emissões com SAF nacional contaria para o cumprimento do mandato.

Na redação final, entrou também o combustível importadoVeja as premissas na íntegra (.pdf)

Em entrevista à epbr, Renato Dutra, coordenador-geral de Biodiesel e Outros Biocombustíveis do MME, afirma que a abertura para importação foi uma demanda do próprio mercado, para garantir a possibilidade de contestação de preços.

“A permissão para importação viabiliza a contestação de mercados, trazendo um pouco mais de competição para o setor e beneficiando o consumidor no final”.

Na avaliação de Dutra, a medida não representaria uma ameaça para a indústria brasileira de SAF – ainda inexistente –, nem desestimularia os novos investimentos necessários, porque o combustível de aviação não necessariamente é o principal motivo para a instalação de uma biorrefinaria.

“Em geral os investimentos principais visam o mercado de HVO (diesel verde) e a produção de SAF vem a reboque. Dependendo da modulação, a biorrefinaria pode produzir mais ou menos”.

Além disso, continua, o Brasil vem sendo apontado como um grande potencial exportador de SAF, e uma política que incentive a exportação poderia ajudar no equilíbrio de oferta e demanda.

“Criar incentivos à exportação de SAF” é, inclusive, a penúltima premissa aprovada pelo grupo.

Ainda não estão desenhados quais serão esses incentivos. Mas Dutra admite que eles poderão passar pela questão tributária.

O grupo não desenhou regras, mas aponta a direção para os próximos passos que serão dados pelo governo e nas discussões legislativas.

“A estratégia do comitê era finalizar a construção dessas premissas para que, no processo de subsídio à tramitação desse PL [1873/2021], fossem feitas emendas naqueles temas que tenham relação com elas”, explica Dutra.

Ele destaca que o trabalho feito a várias mãos conseguiu alinhar a visão de todos os setores envolvidos, já que o subcomitê reúne governo, setor de combustíveis, companhias aéreas, indústria química, fabricantes de aeronaves, universidades e consultorias.

Já os temas que não constam no PL poderão ser endereçados via decreto ou resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

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O trabalho do subcomitê encerra em março.

Segundo Dutra, as premissas marcam a primeira entrega. O grupo vai apresentar as proposições dos textos de normas legais e de encaminhamento para um marco infralegal, além de uma nota técnica até o final do próximo mês.

O setor tem pressa de um marco, já que em 2027 a aviação internacional precisará cumprir as metas do Corsia – e os caminhos são combustíveis sustentáveis, eficiência e/ou crédito de carbono.

E construir uma biorrefinaria é um projeto bilionário, que leva em média cinco anos para conclusão e início da produção.

Já o tempo para que esse marco finalmente seja aprovado é difícil definir.

Embora dentro do grupo tenha sido construído um consenso até aqui, questões como tributação podem se tornar gargalos ao longo da tramitação.

A regulamentação tributária vai depender da cooperação tanto de órgãos federais, como estaduais, já que uma das premissas é “definir regramento do ICMS para o SAF (puro e misturas)”.

Outra, é regulamentar o artigo que trata de PIS/Cofins na Lei nº14.248/2021 (Programa Nacional do Bioquerosene).

“Esse artigo indica que toda a construção dessa política pública terá que vir com incentivos tributários federais. Já está em lei. Agora cabe à regulamentação”, diz Dutra.

A criação de código fiscal é mais um ponto.

Empresas aéreas que tentaram implantar projetos pilotos nos últimos anos não conseguiram avançar por falta de Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) para o SAF e alíquotas diferenciadas.

Fundo para biogás: A ABiogás (Associação Brasileira do Biogás) lançou hoje (3/2) um edital para entidade gestora do Fundo Garantidor do Biogás. Fase inicial do fundo deve contar com R$ 300 milhões para investimentos no setor.

Segundo Gabriel Kropsch, vice-presidente da associação, o Brasil pode produzir mais de 30 milhões de metros cúbicos de biogás por dia. “É metade do consumo de gás natural do Brasil e 50% do consumo de óleo diesel do país inteiro. É 25% de toda a geração de energia do nosso país”.

As empresas interessadas em assumir a gestão do Fundo Garantidor do Biogás têm até o dia 25 de março para enviar propostas. O ebinar de lançamento do edital pode ser acessado neste link.

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