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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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Inaugurada em fevereiro de 2022, a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Parnaíba, no litoral do Piauí, fez sua primeira exportação para a Europa em novembro do ano passado, ao enviar 20 toneladas de cera de carnaúba para a Espanha.
Um marco importante para o estado, que agora se prepara para surfar a onda do hidrogênio verde e já tem investidores interessados em aproveitar os recursos energéticos da região.
Na última sexta (29/9), o governo do Piauí anunciou um acordo com o grupo alemão Solar Outdoor Media para instalar uma usina fotovoltaica no município de Buriti dos Lopes visando a produção de amônia e hidrogênio verde.
As obras estão previstas para começar em 2024 e incluem uma usina com capacidade instalada de 940 MW, podendo chegar a 3 GW.
Essa eletricidade será direcionada à planta de produção de hidrogênio na ZPE de Parnaíba, onde será produzido o gás e a amônia destinada à exportação para a Alemanha.
“É um investimento muito importante. São alguns bilhões de euros em investimentos e está muito próximo de iniciar. A ideia é que as obras possam iniciar já no ano que vem”, disse o governador Rafael Fonteles (PT) em suas redes sociais.
Segundo o governador, o estado quer ser líder nessa produção e levar desenvolvimento para a região.
Em maio, a agência de fomento Investe Piauí promoveu uma rodada de negócios com a espanhola Solatio, para apresentação de outros dois grandes projetos de hidrogênio verde no estado.
Com investimentos na casa dos R$ 30 bilhões, a Solatio planeja produzir 820 mil toneladas ao ano de amônia para exportação e 1,23 milhões de toneladas ao ano para o mercado interno.
O grupo também tem memorandos de entendimento com o governo do Piauí.
O empreendimento será instalado na ZPE de Parnaíba e estará habilitado para exportar pelo Porto de Luís Correia, cuja inauguração está prevista para 13 de dezembro.
“Já tivemos encontros na Espanha e em Brasília e estamos cada vez mais animados com os investimentos previstos da Solatio aqui no Piauí, especialmente na cadeia do hidrogênio verde”, comentou o governador no mês passado.
“A ideia é fazer na nossa Zona de Processamento de Exportação em Parnaíba, em módulos, para que a gente tenha o maior projeto de hidrogênio verde do Brasil”.
O estado discute na assembleia legislativa uma política para incentivar a produção local do energético.
O texto do deputado estadual Fábio Novo (PT) prevê, entre outras coisas, a criação de incentivos fiscais para a produção e aquisição de equipamentos – semelhante a outros marcos regionais para o H2.
Cobrimos por aqui:
- Estados do Nordeste fecham acordo com Banco Mundial para hidrogênio
- CBAM começa a valer e pode ajudar hidrogênio brasileiro
- Agenda da COP28 propõe dobrar a produção de hidrogênio até 2030
- Hidrogênio e bioenergia são prioridades em agenda industrial para o segundo semestre
Mandato nacional para hidrogênio
Enquanto os estados desenham suas próprias políticas, o Congresso Nacional discute propostas para metas de mistura de hidrogênio renovável nos gasodutos.
Uma delas vem da minuta do projeto de lei da Comissão Especial sobre Hidrogênio Verde do Senado, apresentada na última sexta (29/9).
Dentre os incentivos propostos para o novo combustível, está o de um mandato para injeção do hidrogênio de baixo carbono com parcela mínima de hidrogênio renovável nos gasodutos de transporte.
Há outra proposta do tipo no Senado, o PL 725/2022, de autoria do ex-senador Jean Paul Prates, atual presidente da Petrobras.
O texto traz a previsão de atingir 5% da molécula no “ponto de entrega ou ponto de saída nos gasodutos de transporte” até o ano de 2032, e aumentar essa proporção para 10% até 2050.
Não há, contudo, consenso dentro do governo federal sobre essa ser a melhor estratégia.
Durante audiência pública na Câmara, na última terça (5/10), o secretário nacional de Transição Energética e Planejamento do Ministério de Minas e Energia (MME), Thiago Barral, disse que incorporar hidrogênio ao gás natural, em um mandato obrigatório, pode afetar tanto a competitividade do combustível quanto a integridade da infraestrutura dos gasodutos.
Já o secretário nacional de Economia Verde e Descarbonização do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Rodrigo Rollemberg, defende a mistura obrigatória como uma estratégia para incentivar para o uso do hidrogênio no país, a exemplo do que é feito com o etanol e o biodiesel. Leia na cobertura de Millena Brasil
Curtas
Mais um recorde de temperatura
A Terra acaba de ter o mês de setembro mais quente de que há registo – e por uma margem recorde –, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Com sucessivos recordes de calor, o ano de 2023 está a caminho de ser o mais quente já registrado.
Calor extremo também causa inundações
Cidades ao redor do mundo registraram chuvas recordes mais de 130 vezes em 2023, e o aumento das temperaturas está na raiz do problema, mostra a Bloomberg.
Temperaturas mais altas do ar significam que a atmosfera pode reter mais umidade, levando a chuvas mais intensas, enquanto os oceanos com temperaturas recordes fornecem combustível para tempestades. E à medida que o clima aquece, as inundações tendem a piorar.
Fundo Amazônia recebe R$ 45 milhões
A diretoria do BNDES, que é gestor do Fundo Amazônia, aprovou os contratos da Suíça, no valor de 5 milhões de francos suíços (cerca de R$ 30 milhões), e dos EUA, na quantia de US$ 3 milhões (cerca de R$ 15 milhões), para o mecanismo que financia ações de preservação da floresta.
A doação marca a adesão dos dois países ao instrumento, que tem 15 anos de existência e, até então, contava com aportes de Noruega e Alemanha, além da Petrobras.