Fernando Bezerra coloca cargo à disposição de Bolsonaro após ser alvo da PF

Políticos são alvo de investigação que apura irregularidade nas obras de transposição do Rio São Francisco

Senador Fernando Bezerra Coelho (MDB/PE), em pronunciamento, à bancada (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
Senador Fernando Bezerra Coelho (MDB/PE), em pronunciamento, à bancada (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

Texto em atualização

A Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão nesta quinta-feira (19) em endereços do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB/PE), líder do governo no Senado, e de seu filho, deputado federal Fernando Coelho Filho (DEM/PE). Os políticos são alvo de investigação que apura irregularidade nas obras de transposição do Rio São Francisco.

No meio da manhã, Bezerra colocou o cargo de líder do governo no Senado à disposição do presidente. Segundo a Folha de São Paulo, ele conversou com o presidente do Senado, DAvi Alcolumbre (DEM/AP) e com o o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

A operação foi autorizada pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso e a PF cumpre os mandados em mais de 40 endereços, incluindo os gabinetes dos políticos no Senado e na Câmara. As buscas se estendem por Pernambuco e Paraíba. Segundo o inquérito, a Justiça apura se contratos firmados pelo ministério tiveram recursos desviados para o financiamento de campanhas políticas.

Líder do governo no Senado, Fernando Bezerra foi ministro da Integração Nacional de Dilma Rousseff, pasta responsável pelas obras de transposição do São Francisco.

Ainda nesta manhã, o presidente Jair Bolsonaro convocou membros de sua equipe para avaliar o impacto da operação da PF. Interlocutores do Planalto avaliaram ao jornalista Valdo Cruz, da GloboNews, que se houver algo que realmente comprometa o senador, o Planalto terá que se posicionar.

O governo Bolsonaro tem grande dificuldade para conseguir apoio no Senado, onde o PSL tem apenas 3 parlamentares – na semana passada o partido perdeu a quarta senadora, Juíza Selma, para o Podemos. A chegada de Bezerra para o papel de líder do governo na Casa foi celebrada no começo do ano por aumentar a capacidade de diálogo do Planalto junto aos parlamentares.

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À Folha de S. Paulo, o advogado André Callegari, que representa o senador, afirmou que “causa estranheza à defesa que medidas cautelares sejam decretadas em razão de fatos pretéritos que não guardam qualquer razão de contemporaneidade com o objeto da investigação”.

“A única justificativa do pedido seria em razão da atuação política e combativa do senador contra determinados interesses dos órgãos de persecução penal”, disse Callegari.

Em outro comunicado, o advogado acrescenta que a Procuradoria Geral da República (PGR) havia emitido opinião contra a busca envolvendo o senador.

O senador Fernando Bezerra assumiu a liderança no governo no Senado no início do mandato de Jair Bolsonaro. Em 2011, foi escolhido por Dilma Rousseff paral liderar a Integração Nacional. Com o impeachment e ainda no PSB, tanto Fernando Bezerra quanto seu filho, Fernando Coelho Filho, fizeram parte da base do governo interino de Michel Temer.

O deputado foi ministro de Minas e Energia de Temer, entre 2016 e 2018, quando deixou o governo e o PSB para se filiar ao DEM.

Outro lado

Nota do advogado André Callegari

“A defesa do senador Fernando Bezerra Coelho acrescenta que a Procuradoria Geral da República opinou contra a busca em face do senador, afirmando taxativamente “que a medida terá pouca utilidade prática”.

Ainda assim o ministro Luís Roberto Barroso a deferiu. Se a própria PGR – titular da persecutio criminis – não tinha interesse na medida extrema, causa ainda mais estranheza a decretação da cautelar pelo ministro em discordância com a manifestação do MPF.

A defesa seguirá firme no propósito de demonstrar que as cautelares são extemporâneas e desnecessárias.”

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