Exploração

Sem novas fronteiras, Brasil vai ter declínio na produção, diz Tabita Loureiro

Abertura de novas fronteiras de exploração, incluindo a Margem Equatorial, é fundamental para reposição de reservas, diz executiva

Mesmo com um eventual aumento no fator de recuperação das reservas existentes, o Brasil vai ter um declínio na produção de petróleo caso não consiga abrir novas fronteiras exploratórias, afirmou a presidente interina da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), Tabita Loureiro.

“O pulo de continuar aumentando produção e arrecadando para a sociedade brasileira — e a gente sabe o impacto das centenas de bilhões de reais que isso traz—, só com novas fronteiras. E é por isso que é importante abrir a Margem Equatorial, continuar perfurando poço exploratório e continuar tirando leite do pós-sal e do pré-sal. A gente tem que fazer todos os deveres de casa para fazer a reposição de reservas”, afirmou , durante o encerramento da Offshore Week 2024, evento promovido pela agência eixos.

A executiva lembrou que a produção brasileira hoje está na casa de 3,47 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/dia), sendo 81% proveniente do pré-sal. O volume indica uma extração de 1,2 bilhões de barris por ano, sendo que as reservas provadas brasileiras em 2023 totalizavam 15,9 bilhões de barris. 

No ritmo atual, reservas existentes acabam em 2035

Nesse ritmo, as reservas existentes acabariam em 2035, considerando a continuidade do nível atual de produção, o que é improvável, já que a tendência é de aumento da extração ao longo da década atual. 

Loureiro aponta que o nível de reservas provadas calculados em 2023 é o maior da história, mas é fruto das grandes ondas de perfurações de novos poços depois da descoberta do pré-sal, que estão cessando. 

Como comparação, em 2023, o Brasil perfurou apenas 22 novos poços exploratórios, ante 150 perfurações em 2011. Este ano, foram apenas seis novos poços até o momento. 

“Já tem nove anos que a gente perfura oito poços ou menos por anos offshore”, apontou. 

Noruega é exemplo para o Brasil, diz Tabita

Ela lembra ainda que a taxa de declínio média dos campos brasileiros é de 10% ao ano. Para a executiva, os números mostram a urgência da reposição de reservas, de modo a evitar que o país volte a se tornar importador líquido de petróleo na próxima década. 

“A queda na produção ainda vamos demorar a sentir, mas a conta da reposição de reservas já vai começar a chegar”, disse.

A executiva afirma que é importante que o país também se esforce para aumentar o fator de recuperação dos campos já descobertos. Ela citou o exemplo da Noruega, que já passou da fase de aumento da produção, mas ainda assim perfurou 32 novos poços em 2023, em busca de ampliar a extração em áreas que já foram desenvolvidas. 

“Mas isso não invalida as novas fronteiras, porque sem novas fronteiras não tem um boom, não tem um novo pré-sal, só vamos conseguir controlar o declínio”, ressalvou.