Reduzir pegada de carbono pode ser vital para competitividade do óleo brasileiro

FPSO P-67 na Baía de Guanabara. (Foto: Michelle Hervé)
FPSO P-67 na Baía de Guanabara. (Foto: Michelle Hervé)

O Brasil deve utilizar sua matriz renovável para agregar valor à indústria de óleo e gás no mercado internacional, em um sistema em que iniciativas de descarbonização que colabore não apenas para uma economia mais limpa, mas também para a competitividade do setor.

Discussão promovida por Giovani Machado, diretor da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), durante o painel sobre a transição energética no Plano Nacional de Energia – PNE 2050 nos Diálogos da Transição.

“Não acreditamos numa virada de chave, mas em um processo com formas hibridas. (…) O Brasil não pode perder suas vantagens competitivas e uma delas, sem dúvida é o caráter renovável da sua matriz, que deve ser entendido com um ativo geopolítico”, afirma.

Ele alerta que o Brasil tende a ser cada vez mais um exportador relevante de petróleo, com uma produção crescente que não será absorvida pelo mercado interno. E o mercado precisa levar em consideração o risco de o óleo encontrar restrições no mercado internacional, em um cenário de transição energética acelerada.

Segundo ele, é necessário “que a própria indústria de óleo e gás se aproveite das alternativas que o Brasil dá para que ela consiga mostrar ao mundo que possui um barril de petróleo com uma pegada ambiental menor que a maior parte dos países. Isso é um fator de diferenciação que pode gerar um prêmio de qualidade ao óleo brasileiro”.

Machado explicou que essa redução da pegada ambiental pode se dar de duas formas. A primeira, por meio da incorporação de fontes renováveis nas operações do próprio setor de óleo e gás, como por exemplo, a utilização de energia de eólicas offshore que operam no entorno das plataformas.

A outra maneira seria o direcionamento dos rendimentos da indústria petrolífera para financiar parte da transição energética e também mitigar as emissões de carbono.

“Usar a renda gerada nesse segmento para financiar boa parte dessa transição energética (…) E usar parte da própria riqueza gerada no óleo e gás para financiar reflorestamento (…) Existem oportunidades de fazer sequestro de carbono em reservatórios depletados”.

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Biomaterias: transição e desenvolvimento econômico

O PNE 2050 também considera o potencial do Brasil para disputar o mercado internacional de biomateriais, como bioplásticos e biolubrificantes, derivados de biomassa.

“Materiais associados a uma lógica de biotecnologia, biorefinarias, ou de complexos energéticos podem transformar e tornar essa trajetória brasileira para transição energética bem mais vantajosa do ponto de vista de desenvolvimento econômico”, disse Machado.

Ele também vê oportunidades para o país no segmento de biocombustíveis avançados, como bioquereosene de aviação e o diesel verde.

“Se além do mais contribuirmos para o desenvolvimento de combustíveis avançados, vamos conseguir formar um mercado global”, defendeu.

Entre os desafios estratégicos para o setor de energia, Giovani apontou que o Brasil está atrasado em relação a outros países quando se fala em conectividade e inteligência artificial, que aumentam a competitividade e eficiência.

“Do ponto de vista da digitalização, o Brasil ainda tem passos importantes para dar”, disse o diretor da EPE, que também chamou a atenção para o pouco aproveitamento da posição estratégica que o país ocupa no cenário local e internacional.

“O Brasil ainda faz uso limitado da integração regional e global. Podemos buscar as vantagens logísticas regionais”, concluiu Machado, ressaltando que ainda que o GNL venha se globalizando, apenas o Gasbol e a Usina de Itaipu marcam relações de políticas energéticas do Brasil com países vizinhos.

Assista a apresentação sobre a transição no PNE 2050

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