BRASÍLIA – A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, cobrou nesta segunda-feira (24/2) fornecedores da estatal para que se preparem, porque a petroleira “vai pisar no acelerador”.
Deu a declaração em evento da assinatura do contrato do Programa de Ampliação da Frota da Petrobras e Transpetro para a compra de quatro navios, em Rio Grande (RS)
“Nós precisamos de fornecedores fortes, precisamos entregar nossas encomendas e precisamos que isso tudo aconteça a tempo e a hora […]. De novo, fornecedores, estejam atentos, nós estamos pisando no acelerador e vamos precisar de vocês todos”, disse.
A executiva reiterou no discurso que as obras precisam ser entregues no prazo. Segundo Magda, a Petrobras está investindo 35% a mais neste ano e espera que os fornecedores também estejam preparados para oferecer mão de obra qualificada.
Magda já havia afirmado no início do mês que a empresa iria dar uma guinada aos investimentos “pesados”. Em 4 de fevereiro, disse que a “pisada no acelerador” se tratava de expandir o Capital Expenditure (despesas de capitais) da empresa, ampliando os gastos com refino, fertilizantes e petroquímicas.
No evento de mais cedo, afirmou que as demandas da Petrobras serão cada vez maiores no ciclo 2025-2029. “Portanto, nós desejamos que todos estejam muito preparados para atender a essas demandas, que vão ser cada vez maiores”.
O recado foi destinado também à engenharia pesada, envolvida em obras de refinarias. Magda também disse que a Refinaria de Petróleo Riograndense (RPR) se tornará totalmente uma biorrefinaria em 2025. A Petrobras prevê investimento de R$ 5,5 bilhões no local e produção de até 17 mil barris por dia.
A refinaria é operada pela Ipiranga e tem a Braskem como sócia, além da Petrobras.
Magda Chambriard disse ainda que a bacia de Pelotas tem potencial exploratório similar ao da Namíbia, onde foram feitas grandes descobertas de petróleo. O principal campo do país, Mopane, pode conter pelo menos 10 bilhões de barris de gás e petróleo.
A Petrobras e outras petroleiras voltaram a apostar em Pelotas, majoritariamente no litoral do Rio Grande do Sul, com a contratação de novos blocos exploratórios em 2023. Investidas no passado, em outros setores da bacia, não deram resultado.
A Petrobras contratou os estaleiros Rio Grande, do grupo Ecovix no Rio Grande do Sul, e Mac, no Rio de Janeiro, para construção de quatro navios da classe handy para transporte de derivados de petróleo.
São embarcações projetadas para cabotagem na costa brasileira, de 15 mil a 18 mil toneladas de porte bruto. É a primeira encomenda de navios novos feita pela Petrobras em estaleiros brasileiros neste terceiro mandato do governo Lula (PT).
Serão operados pela Petrobras e beneficiados pelos créditos fiscais criados na lei de depreciação acelerada de navios tanque e embarcações de apoio, aprovada em 2024. Também contarão com recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM).
Ambos demandam conteúdo local. O acesso aos créditos de depreciação acelerada têm como contrapartida 50% de nacionalização das embarcações. O FMM também é destinado apenas a obras no Brasil.
Segundo Chambriard, os cascos dos quatro navios classe handy serão construídos no Brasil e a companhia tem planos de contratar embarcações de apoio das operações offshore.
Semana passada, a companhia abriu a licitação para contratação de oito navios gaseiros, que poderão transportar amônia e gás liquefeito de petróleo. A retomada das obras nos estaleiros é uma promessa de campanha de Lula.