Em queda livre

Petróleo volta a despencar, caindo 6% no fechamento, seguindo cessar-fogo entre Israel e Irã

Brent recua 6,17%, a US$ 66,17 o barril, após anúncio de trégua reduzir temores sobre o Estreito de Ormuz. Capital Economics projeta Brent a US$ 50 em 2027

Masoud Pezeshkian, nono presidente do Irã, em entrevista ao site oficial do líder supremo do Irã, em 25 de julho de 2024 (Foto khamenei.ir)
Masoud Pezeshkian, nono presidente do Irã, em entrevista ao site oficial do líder supremo do Irã, em 25 de julho de 2024 (Foto khamenei.ir)

Os contratos futuros de petróleo cederam novamente na sessão desta terça-feira (24/6), caindo mais de 6%, com o Brent perdendo o nível dos US$ 70, e voltando a patamares anteriores ao da escalada do conflito entre Israel e Irã.

O anúncio de um cessar-fogo e a postura das autoridades reforçando o cumprimento de um acordo reduziu os prêmios de risco para a commodity, que estavam principalmente relacionados à postura iraniana junto ao Estreito de Ormuz.

Na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent para setembro recuou 6,17% (US$ 4,35), a 66,17 o barril, enquanto o petróleo WTI para agosto, negociado na Nymex, fechou em queda de 6,04% (US$ 4,14), a US$ 64,37 o barril. 

O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, comemorou nesta terça-feira (24) o cessar-fogo que “interrompeu uma guerra de 12 dias” com Israel, classificando o desfecho como uma “vitória histórica” do povo iraniano.

Em mensagem dirigida à nação, ele afirmou que “toda a glória desta vitória histórica pertence à grande e civilizatória nação do Irã”.

“O cessar-fogo entre Israel e Irã provavelmente se mostrará frágil. Mas, enquanto ambas as partes se mostrarem relutantes em atacar a infraestrutura energética relacionada à exportação ou interromper o fluxo de navios pelo Estreito de Ormuz, esperamos que os fundamentos pessimistas do mercado de petróleo continuem a prevalecer a partir de agora”, avalia a Capital Economics.

A forte queda nos preços é resultado da redução da probabilidade de alguns dos riscos extremos enfrentados pelos mercados globais de energia — particularmente o “fechamento” do Estreito de Ormuz — pelos traders, pontua.

Isso se deve, em parte, à natureza bem telegrafada dos ataques retaliatórios da segunda-feira (23/6) do Irã contra ativos militares dos EUA no Catar, aparentemente planejados para limitar o envolvimento dos EUA no conflito.

“Na ausência de uma mudança nas preferências até agora reveladas de todas as partes para poupar a infraestrutura energética essencial, e se nossa premissa de trabalho de que o conflito se amenizará se confirmar, esperamos que a atenção no mercado de petróleo retorne aos fundamentos baixistas”, projeta.

“Prevemos que ventos contrários estruturais à demanda por petróleo na China e a oferta adicional da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) contribuam para um superávit considerável nos próximos 18 meses”, aponta a consultoria.

“Nesse contexto, permanecemos com nossas projeções abaixo do consenso para que o petróleo Brent caia para US$ 60 por barril (pb) e US$ 50pb até o final de 2026 e ao final de 2027“, conclui.

Por Matheus Andrade

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