Petróleo fecha em queda de cerca de 1% com alívio de tensões no Oriente Médio

WTI e Brent encerram em baixa após sinais de cessar-fogo no Mar Vermelho, enquanto sanções americanas à Rússia mantêm mercado em alerta

Cavalos-de-pau para produção no shale de gás dos EUA, no campo de Bakken, Dakota do Norte (Foto Ole Jørgen Bratland/Statoil)
Produção terrestre de óleo e gás no campo de Bakken, Dakota do Norte/EUA | Foto Ole Jørgen Bratland/Statoil

Os contratos futuros do petróleo fecharam em queda nesta quinta-feira (16/1), em meio ao alívio das tensões no Oriente Médio mesmo que as preocupações com o aumento das sanções dos EUA ao petróleo russo sigam presentes.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para março fechou em queda de 1,09% (US$ 0,86), a US$ 77,85 o barril, enquanto o Brent para mesmo mês, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 0,90% (US$ 0,74), a US$ 81,29 o barril.

Um dia após o acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, os rebeldes Houthis deram sinais de que podem encerrar hostilidades no Mar Vermelho em breve, o que contribui para um recuo dos preços da commodity. “O conflito teve pouco impacto no mercado ultimamente, mas o acordo sugere que um conflito mais amplo na região envolvendo o Irã é menos provável”, destaca o ANZ Research.

Apesar de em segundo plano, as sanções mais rigorosas dos EUA ao comércio de petróleo da Rússia seguem no radar, com incertezas sobre como o presidente eleito Donald Trump, que assume na segunda-feira (20), lidará com a questão. O republicano prometeu encerrar a guerra na Ucrânia de maneira ágil.

Ex-autoridade de sanções dos EUA e atual integrante do Centro de Política Energética Global da Universidade de Columbia, Edward Fishman avalia que, desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, “estas são as sanções mais significativas que vimos”.

É improvável que os preços do petróleo se mantenham nos níveis atuais em meio as sanções ao petróleo bruto da Rússia e a um superávit global projetado para este ano, segundo analistas do MUFG. “A força atual do preço do petróleo não é sustentável”, afirmam eles. Com informações da Dow Jones Newswires.

Oferta em alta

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) manteve nesta quarta-feira (15/1) a previsão para o crescimento da demanda e oferta global para a commodity este ano. O relatório mensal do cartel projetou um aumento da oferta de óleo entre os países fora da Opep+ em 1,11 milhão de bpd em 2025. De acordo com a projeção, as maiores contribuições serão dos Estados Unidos, Brasil e Canadá.

Com isso, a organização espera que a produção fora da Opep+ some 54,28 milhões de bpd neste ano, antes de avançar mais 1,1 milhão de bpd no próximo, a 55,38 milhões de bpd em 2026.

Ainda no relatório, a Opep informa que a produção da Opep+ caiu 14 mil bpd em dezembro ante novembro, para uma média de 40,65 milhões de bpd, de acordo com fontes secundárias. A Opep+ engloba a Rússia e outros produtores de petróleo que não integram a Opep.

Demanda global

Além disso, a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) ainda espera crescimento forte da demanda de petróleo em 2025 devido aos preços mais baixos e a uma perspectiva econômica melhor nos países desenvolvidos.

A IEA reduziu nesta quarta-feira (15/1) levemente a perspectiva global de demanda por petróleo deste ano. A organização agora prevê que a demanda global cresça em 1,05 milhão de barris por dia em 2025, de 1,1 milhão de barris por dia anteriormente, atingindo um total de 104 milhões de barris por dia em média.

A instituição estima que a demanda por petróleo aumentou no quarto trimestre de 2024, em 1,5 milhão de barris por dia – o avanço mais forte desde o quarto trimestre de 2023. O crescimento da demanda em 2024 foi avaliado em 940 mil barris por dia, maior do que a estimativa anterior da agência de 840 mil barris por dia.

“Uma combinação de preços mais baixos de combustível, clima mais frio em regiões centrais do Hemisfério Norte e atividade petroquímica crescente nos EUA sustentaram essas entregas mais fortes”, pontuou a IEA.

A oferta global de petróleo aumentou em 20 mil barris por dia em dezembro, liderada pela Nigéria e Líbia, com adições da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) compensando declínios não-Opep+.

Espera-se que a oferta aumente em 1,8 milhão de barris por dia em 2025, atingindo um total de 104,7 milhões de barris por dia em média, mesmo que a Opep+ não desfaça os cortes voluntários de produção, com crescimento liderado pelos EUA, Brasil, Guiana, Canadá e Argentina. Fonte: Dow Jones Newswires

Brent a US$ 74 em 2025

O DoE manteve sua previsão do preço médio do petróleo Brent em 2025 de US$ 74 o barril, no relatório mensal de Perspectivas de Energias no Curto Prazo (Steo, em inglês), divulgado nesta terça-feira (14/1).

Para 2026, o departamento americano prevê o Brent caindo para US$ 66 o barril.

A instituição também manteve previsões para o WTI, na média de US$ 70 o barril em 2025, e espera que os preços caíam para US$ 62 o barril em 2026.

Conforme o relatório, a reversão dos cortes de produção da Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) e o forte crescimento da produção de petróleo fora da organização resultam no crescimento da produção global, com expectativa de 1,8 milhão de barris por dia (b/d) em 2025 e 1,5 milhão de b/d em 2026.

“Esperamos que o grupo produza menos petróleo bruto do que o declarado em sua meta de produção mais recente, em um esforço para evitar o aumento significativo dos estoques. Essa previsão foi concluída antes de os EUA emitirem sanções adicionais contra o setor petrolífero da Rússia em 10 de janeiro, que têm o potencial de reduzir as exportações da commodity da Rússia para o mercado global”, explica.

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