RIO — A Petrobras prevê retomar as operações das fábricas de fertilizantes na Bahia e em Sergipe em novembro, após a contratação dos equipamentos e serviços, segundo a presidente da companhia, Magda Chambriard.
Juntas, as unidades produzem 1,6 milhões de toneladas de ureia por ano, volume que vai contribuir para que a Petrobras consiga suprir até 9% do consumo nacional total de fertilizantes, de acordo com a CEO.
A expectativa é fornecer metade da demanda brasileira de ureia. Hoje, o Brasil importa cerca de 90% dos fertilizantes nitrogenados que consome, uma vulnerabilidade num contexto de conflitos internacionais.
“Nós vamos entregar fertilizantes e substituir importação com lucro. A gente sempre ouvia dizer que fertilizantes só dão prejuízo, mas os nossos dão lucro”, disse a executiva em entrevista coletiva sobre o balanço de um ano de sua gestão à frente da empresa, nesta quarta-feira (18/6).
A estatal assinou em maio um acordo com a Proquigel, subsidiária da Unigel, para encerrar litígios relacionados ao arrendamento das plantas.
As licitações dos serviços para o começo da produção serão lançadas até o final deste mês.
O contrato de arrendamento com a Unigel havia sido firmado em 2019, com duração de dez anos, quando a Petrobras havia decidido deixar o segmento de fertilizantes. A operação foi interrompida pela Unigel, que teve a recuperação extrajudicial homologada este ano.
Em 2024, as empresas chegaram a fechar um contrato de industrialização por encomenda (tollling), no qual a Petrobras forneceria gás natural à Unigel, responsável pela operação das plantas, e, em troca, receberia os fertilizantes produzidos para posterior comercialização.
Entretanto, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou falhas de governança e inconsistências nos cálculos do contrato, o que levou ao encerramento do acordo antes mesmo do início das operações.
Licitação para UFN3 em curso
Em paralelo, a Petrobras também está conduzindo as licitações para a retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), no Mato Grosso do Sul. A expectativa é de início das operações em 2026.
As propostas para as contratações serão entregues em três etapas, entre julho e agosto.
“A gente teve que dividir as obras em vários pacotes menores para possibilitar que mais empresas entrassem nesse mercado”, disse a diretora executiva de Engenharia, Tecnologia e Inovação, Renata Baruzzi.
Este mês, a companhia também voltou a operar parcialmente a fábrica de fertilizantes da Araucária Nitrogenados (Ansa), no Paraná, e concluiu os primeiros testes de produção de Arla 32.
De acordo com o diretor executivo de Processos Industriais e Produtos da Petrobras, William França, em até duas semanas a empresa espera atingir a operação normal da Ansa, cuja capacidade de produção é de 800 mil toneladas de ureia por ano.
Com essas quatro unidades, a companhia acredita que vai conseguir suprir metade da demanda nacional por ureia, que hoje é praticamente toda importada.
“Dos 8 milhões de toneladas de ureia que hoje o Brasil importa, a gente vai produzir entre 3,5 e 4 milhões [ao ano]”, disse França.