RIO — A Petrobras espera iniciar, em novembro, as perfurações na margem equatorial — litoral que vai do Rio Grande do Norte ao Oiapoque (AP). A campanha deve marcar a volta das atividades de exploração à região, sete anos após o último poço perfurado no local.
Ao participar do Energy Talks desta quinta-feira (28/4), o gerente-executivo de exploração da Petrobras, Mario Carminatti, afirmou que a ideia da companhia é perfurar entre dez e onze poços em águas profundas e ultraprofundas na região nos próximos anos.
Segundo Carminatti, a abertura de uma nova fronteira exploratória, como a margem equatorial, não se dará da mesma forma como se desenvolveram as águas ultraprofundas da Bacia de Campos e o pré-sal na Bacia de Santos. Ele acredita que, dessa vez, a transformação digital será um aliado, na tentativa de reduzir os altos custos associados ao desenvolvimento de uma nova fronteira.
“Nós não podemos explorar a margem equatorial da forma como fizemos ao abrir as outras fronteiras. Isso não é possível… Quando abrimos as outras fronteiras — e o mundo anda nesse caminho — não tínhamos tamanha força da inteligência artificial, do big data, de todo esse mundo da imagem de altíssima resolução”, disse Carminatti, durante participação da edição desta quinta-feira do Energy Talks — série patrocinada pela Petrobras e o Governo Federal, e produzida pela agência epbr.
Assista ao replay da íntegra da 3ª edição do Energy Talks, debate que contou com a participação do gerente-executivo de exploração da Petrobras, Mario Carminatti; da diretora da ANP, Marinha Abelha; chefe da área de upstream para a América Latina da Wood Mackenzie, Marcelo de Assis; e do CEO da TGS no Brasil, João Correa.
No vídeo, você vai encontrar análises e comentários sobre as expectativas de volumes recuperáveis e custos de produção da margem equatorial; os riscos e desafios associados ao desenvolvimento das novas fronteiras; o papel da inovação na exploração da região; e a importância da margem equatorial para a renovação das reservas brasileiras, dentre outros pontos.
Margem equatorial pode ser o “novo pré-sal”
Ao todo, a Petrobras prevê investir cerca de US$ 2 bilhões entre 2022 e 2026 na campanha exploratória da região — que inclui as bacias Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar.
O projeto da petroleira ainda está em fase de licenciamento ambiental, um dos principais entraves para o desenvolvimento da nova fronteira.
A margem equatorial começou a despertar a atenção das petroleiras internacionais, mais intensamente, a partir do início da década de 2010, após as primeiras descobertas de petróleo na vizinha Guiana Francesa.
A TotalEnergies foi uma das principais empresas a apostar no potencial da região. Em 2013, na 11ª Rodada de concessões da ANP, a petroleira francesa pagou R$ 250 milhões por cinco blocos na Bacia da Foz do Amazonas, mas o projeto da multinacional esbarrou na etapa de licenciamento no Ibama — que negou, em 2018, o pedido de perfuração da TotalEnergies na Bacia Foz do Amazonas.
Com o revés, a multinacional desistiu do negócio e a Petrobras assumiu as fatias da TotalEnergies e da BP, suas sócias, em cinco concessões da Foz do Amazonas.
Um estudo realizado pelo ex-diretor da ANP, Allan Kardec Duailibe, professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em conjunto com o geólogo e consultor Pedro Zalán (ZAG, ex-Petrobras) e Ronaldo Gomes Carmona, professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra, indicam um potencial do porte de um “novo pré-sal” somente na Bacia do Pará-Maranhão.
Ambientalistas, no entanto, questionam a exploração da região, em bacias como a Foz do Amazonas, em função do risco para a biodiversidade única local.
- Mais: Foz do Amazonas pode ter campos gigantes O geólogo Pedro Zalán explica porque são grandes as chances de existirem campos da ordem de 500 milhões a 2 bilhões de barris recuperáveis de P&G na Margem Equatorial brasileira, em especial na Foz do Amazonas