A Petrobras prepara-se para a Avaliação Pré-Operacional (APO) do Ibama em julho, último rito formal para a licença do Ibama para o bloco FZA-59 na Foz do Amazonas, onde planeja perfurar um poço este ano.
A sonda destinada à operação já segue rumo ao Amapá, com escala no Ceará para troca de tripulação. A previsão foi confirmada pela presidente Magda Chambriard em coletiva de balanço de sua gestão (veja a íntegra, .pdf), reforçando que “tudo indica que o Ibama marcará a APO” em breve.
Em maio, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, homologou o Plano de Proteção e Atendimento à Fauna Oleada (PPAF), invertendo parecer desfavorável de 29 analistas e adotando recomendação de submeter o plano à prova prática na APO.
Com o PPAF conceitualmente aprovado, o Ibama liberou a realização do exercício de resposta a vazamentos, etapa que precede a APO propriamente dita.
Com a APO prevista para julho, a Petrobras e o Ibama entram na reta final do licenciamento ambiental no que pode ser o primeiro poço exploratório da Margem Equatorial brasileira.
A diretora de Exploração e Produção, Sylvia Anjos, lembrou que perfurações iniciais nem sempre resultam em sucesso imediato. “Foram oito poços secos em Campos até achar petróleo no nono”.
Embaladas pela Petrobras, majors retornam à Bacia da Foz do Amazonas
A companhia celebrou a parceria com a ExxonMobil no leilão de 17 de junho, reforçando a experiência internacional da petroleira como vantagem para a Margem Equatorial.
“Podia ter sido outra, mas a gente negocia, em geral, com quem se aproxima mais e tem mais interesse comum. Então, nossa equipe entendeu que, naquele momento, a Exxon era a empresa que mais afinidade tinha com os nossos desejos exploratórios”, disse Magda Chambriard.
A entrada de grandes petroleiras dos Estados Unidos na disputa por áreas na Bacia da Foz do Amazonas no leilão da ANP de terça-feira (17/6) marcou o retorno da concorrência internacional pela região.
O 5º ciclo da oferta permanente teve, inclusive, disputa por áreas na bacia — e o consórcio da Petrobras perdeu todos os blocos em que teve competição. A agência eixos transmitiu ao vivo, com análises e entrevistas direto do local.
As sinalizações de avanço no processo de licenciamento da estatal para perfurar o primeiro poço em águas profundas na bacia contribuíram para dar confiança às empresas de que a aposta no certame não será em vão.
Até então, a Petrobras tentava viabilizar sozinha o avanço exploratório — depois da debandada de outras companhias da região na década passada, frente às dificuldades para o licenciamento.
Ao todo, o leilão negociou 34 blocos exploratórios dos 172 disponíveis.
Na Bacia da Foz do Amazonas, foram arrematadas 19 áreas, sendo dez pelo consórcio entre Petrobras e ExxonMobil. As demais ficaram com a parceria entre Chevron e CNPC.
As companhias estadunidenses replicaram no Brasil o embate societário que travam na Guiana. Por lá, as empresas disputam participação no bloco Stabroek, um dos maiores descobertos até o momento no país vizinho.
A expectativa é que as grandes reservas encontradas na Guiana podem se estender ao território brasileiro e abrir uma nova fronteira na região Norte do país.
Entretanto, ambientalistas questionam a ampliação da fronteira exploratória.
Líderes de povos indígenas, membros de sindicatos da indústria petroleira e representantes da sociedade civil protestaram do lado de fora do hotel onde ocorreu a rodada da ANP.
Mas a indústria alerta para o esgotamento das reservas do pré-sal e a necessidade de novas descobertas. Do contrário, o Brasil voltará a ser importador de petróleo na próxima década.
Nesse sentido, as petroleiras sinalizaram no leilão da ANP interesse também por outras áreas de fronteira: a Petrobras repetiu a aposta na Bacia de Pelotas, desta vez em consórcio com a Petrogal, que estreou na região.
Já o Grupo Dillianz, do agronegócio, arrematou um bloco na Bacia dos Parecis — região com potencial para exploração de gás natural em reservatórios não-convencionais.
O leilão ajudou ainda a ampliar o portfólio de empresas que já atuam na bacia de Santos — onde Shell, Equinor e Karoon arremataram áreas.
Com arrecadação recorde para um ciclo da oferta permanente de concessões, a licitação levantou R$ 989 milhões para os cofres públicos, em um momento de crise fiscal.
“Quase R$ 1 bilhão que não estava previsto para este ano. Isso auxilia o governo a evitar cortes maiores no orçamento”, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), em nota.
E o próximo leilão já está marcado: a ANP lançou o edital da próxima rodada da oferta permanente sob o regime de partilha. O leilão do pré-sal de 2025 vai ocorrer em 22 de outubro, com 13 blocos disponíveis.