O Brasil está em trajetória de crescimento significativo no mercado de petróleo, com aumento na demanda, consumo e produção nas próximas décadas, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira (10/7) pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
O país, que já é o oitavo maior exportador global da commodity, deve ver sua demanda saltar de 3,4 milhões de barris por dia (bpd) em 2024 para 4,8 milhões de bpd em 2050, um aumento de 40%, impulsionado principalmente pelo transporte rodoviário e pela aviação.
Já a produção nacional de líquidos deve atingir 5,8 milhões de bpd no final dos anos 2030, sustentada pelos campos do pré-sal e pela exploração na Margem Equatorial, nova fronteira offshore que pode adicionar 1,1 milhão de bpd a partir de 2029.
“O Brasil está entre os principais impulsionadores do crescimento futuro do fornecimento global de petróleo fora da Opep”, destaca o relatório.
A produção de petróleo bruto no país já subiu de 2,1 milhões de bpd em 2010 para 3,4 milhões de bpd em 2024, com expectativa de ultrapassar 4 milhões de bpd em 2028 e se estabilizar em 4,7 milhões de bpd na década de 2030.
O pré-sal, responsável pela maior parte desse crescimento, consolida o Brasil como um dos principais players mundiais, com petróleo de baixa intensidade de carbono.
O consumo interno também segue em alta, com diesel e gasolina liderando, representando juntos cerca de 70% da demanda por derivados. O transporte rodoviário, essencial para o agronegócio, deve puxar o consumo de diesel (+42% até 2050), enquanto a aviação impulsionará o querosene de aviação (+58%) no período.
Em 2024, o petróleo se consolidou como o principal produto de exportação brasileira, gerando US$ 44,8 bilhões e respondendo por 13,3% das vendas externas do país. A China se mantém como principal destino, absorvendo 44% do total exportado, seguida pelos EUA com 12%.
Demanda global de 123 milhões de bpd em 2050
A demanda global por petróleo deve continuar crescendo nas próximas décadas e alcançar quase 123 milhões de barris por dia (bpd) em 2050, segundo projeções da Opep no relatório divulgado nesta quinta (10/7). “Não há pico de demanda de petróleo no horizonte”, afirma o documento.
O aumento será liderado por países e continentes em desenvolvimento, sobretudo Índia, Ásia — fora da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) —, Oriente Médio e África.
Esses quatro grupos somarão juntos um acréscimo de 22,4 milhões de bpd até 2050, com a Índia respondendo por 8,2 milhões de bpd desse total. Já entre os países da OCDE, a tendência é de queda, com recuo de 8,5 milhões de bpd no período.
Por setores, o transporte rodoviário e a aviação continuarão a puxar o consumo global.
“A maior demanda incremental de petróleo é esperada no transporte rodoviário e na aviação, com acréscimos de 5,3 milhões de bpd e 4,2 milhões de bpd, respectivamente.” A petroquímica também deve crescer, com aumento projetado de 4,7 milhões de bpd.
A expansão do consumo se refletirá na frota mundial de veículos, que crescerá de 1,7 bilhão em 2024 para 2,9 bilhões em 2050, com destaque para os países em desenvolvimento. Apesar do avanço dos carros elétricos, os veículos com motor a combustão ainda representarão cerca de 72% da frota global em 2050.
Do lado da oferta, a produção de líquidos dos países fora da aliança da Opep crescerá 5,6 milhões de bpd até 2050, com destaque para EUA, Brasil e Canadá. Já os países do grupo aumentarão sua produção em 15 milhões de bpd no período, elevando sua participação no mercado de 48% para 52%.
A Opep reforça que esse crescimento exigirá pesados investimentos. “Somente o setor upstream precisará de US$ 14,9 trilhões até 2050.”