RIO – O aumento dos investimentos em exploração de óleo e gás ao redor do mundo, este ano, não trouxe até o momento resultados significativos. Levantamento da Rystad Energy mostra que, no primeiro semestre de 2023, foram descobertos 2,6 bilhões de barris – um volume 42% menor que o encontrado em igual período em 2022.
A consultoria atribui a queda à menor atividade de perfuração convencional, juntamente com resultados insatisfatórios de alguns poços de alto potencial.
A previsão é que os investimentos globais em exploração fiquem abaixo dos US$ 55 bilhões em 2023 – um cenário melhor que o de 2022, segundo a consultoria, mas 4% menor que os patamares pré-pandemia, de 2019.
Para efeitos de comparação, em 2013, na última vez que os preços do petróleo Brent estiveram em torno de US$ 85 por barril, na média, as petroleiras gastaram mais de US$ 120 bilhões em exploração global.
No Brasil:
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As novas tendências da exploração
Para a vice-presidente de pesquisa em exploração e produção da Rystad Energy, Aatisha Mahajan, à medida que fica mais difícil encontrar novas descobertas, novas tendências de exploração moldarão cada vez mais as estratégias das empresas.
Ela cita, por exemplo, que as petroleiras têm se movido para bacias com menos riscos geopolíticos e ambientais – como as costas da América do Sul e da África, no Oceano Atlântico.
“Essas áreas têm um interesse significativo, com sucessos recentes nas bacias da Guiana e Orange [África do Sul] aumentando as esperanças de prospecção adicional. Isso levou a um grande interesse na aquisição de áreas de fronteira, especialmente no Uruguai, onde a Shell é a principal detentora de áreas no país”, escreveu Aatisha.
Para aprofundar:
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O foco na exploração de gás natural é outra tendência importante. Antes consideradas pouco atraentes, as reservas de gás se tornaram mais requisitadas devido à crescente demanda global por gás natural – sobretudo diante das preocupações com segurança energética após a deflagração da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Um aumento na perfuração em águas profundas no Mediterrâneo Oriental e o aumento da exploração em Omã, Emirados Árabes Unidos e na região do Sudeste Asiático se devem em grande parte ao interesse rejuvenescido pelo gás.
Além disso, o governo norueguês está abrindo novas áreas para exploração no Mar de Barents para permitir que os exploradores atinjam seu potencial rico em gás.