Internacional

No Oriente Médio, presidente da Petrobras trata de aquisição da Braskem e de refinaria privatizada na Bahia

Jean Paul Prates cumpre agenda com estatais em roteiro por países árabes, iniciado após agendas na Índia

No Oriente Médio, Jean Paul Prates e o presidente da Mubadala Investment Company, Waleed Al Mokarrab Al Muhairi, tratam de aquisição da Braskem e de refinaria de Matarie, privatizada na Bahia (Foto: Reprodução Twitter Jean Paul Prates)
Jean Paul Prates e o presidente da Mubadala Investment Company, Waleed Al Mokarrab Al Muhairi (Foto: Reprodução Twitter Jean Paul Prates)

RIO – O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, discutiu durante sua visita ao Oriente Médio esta semana potenciais parcerias em segmentos nos quais a companhia pretende retomar investimentos depois de reduzir participação nos últimos anos, como petroquímica, distribuição de combustíveis e refino.

Na manhã desta quinta-feira (15/2), Prates e o CEO da Adnoc, Sultan bin Ahmed Al-Jaber, tiveram uma reunião para discutir oportunidades conjuntas nas áreas de gás, refino, combustíveis e petroquímica.

Um dos temas debatidos foram os processos de diligência sobre a venda da Braskem, conduzidos por cada uma das empresas de forma separada, segundo Prates.

Em novembro, a estatal de petróleo de Abu Dhabi apresentou uma proposta não vinculante de R$ 10,5 bilhões pela participação de 38,3% que a Novonor (ex-Odebrecht) possui na Braskem.

A Petrobras é sócia da Novonor na Braskem e tem direito de preferência caso decida também vender ou ampliar a participação.

“(…) Temos realizado análises conjuntas de oportunidades em gás offshore, refino [e] petroquímica e mercados de combustíveis, além dos processos de due diligence sobre Braskem, que as duas empresas estão conduzindo em paralelo”, publicou Prates.

A decisão sobre a Braskem deve ser tomada no primeiro semestre deste ano, segundo estimativas da Petrobras.

A área petroquímica é um dos segmentos nos quais a estatal brasileira pretende expandir sua atuação no atual governo, sem novos investimentos definidos até o momento no plano de negócios para 2024 a 2028, primeiro aprovado no novo governo Lula.

Em declarações à imprensa, o executivo tem defendido que a nova onda de internacionalização da Petrobras passe por operações na Ásia e Oriente Médio. A criação de uma subsidiária, uma “Petrobras Arábia“, ainda precisaria ser desenvolvida e aprovada internamente pela companhia.

O encontro faz parte da viagem do presidente da Petrobras ao Golfo Arábico, que teve início na semana passada e vai durar mais dois dias, com previsão de passar ainda pelo Qatar, onde o executivo vai se encontrar com a Qatar Energy, que tem operações no Brasil.

A visita ao Oriente Médio ocorre após a participação da Petrobras em um evento do setor de energia na Índia.

Sociedade para recompra de refinaria na Bahia

Antes do encontro com a Adnoc, o executivo também fez uma reunião com o CEO e presidente do conselho de administração da Mubadala, Waleed Al Mokarrab Al Muhairi.

O fundo soberano de Abu Dhabi controla a Acelen, atual responsável pela operação da refinaria de Mataripe (BA), privatizada pela Petrobras no governo de Jair Bolsonaro.

No encontro, os executivos trataram da potencial parceria entre as empresas para a retomada da operação da refinaria baiana e os investimentos no projeto de biorrefino da Acelen.

Em dezembro, a Mubadala formalizou uma proposta à Petrobras e equipes das companhias estão trabalhando em conjunto para desenvolver os novos negócios em biorrefino. Internamente, a Petrobras conduz uma auditoria da venda, feita abaixo de valores estimados pelo mercado e pela própria Petrobras.

“Acertamos que nossas equipes intensificarão os trabalhos logo após a volta dos feriados de Carnaval com vistas a finalizar a nova configuração societária e operacional ainda neste primeiro semestre de 2024”, afirmou Prates em postagem nas redes sociais.

“Demais detalhes e andamentos atuais serão mantidos sob confidencialidade até a finalização do processo”.

Pelas estimativas iniciais da Acelen, o investimento na planta de biorrefino será da ordem de US$ 2,5 bilhões para a produção de combustível sustentável de aviação (SAF) e diesel renovável na Bahia.

Inicialmente, os derivados serão produzidos a partir de óleo de soja e milho, mas o objetivo da companhia é focar no uso da macaúba, planta nativa brasileira. A previsão é de início de produção no segundo semestre de 2026, com capacidade para entregar 20 mil barris/dia.

A Acelen abriu um escritório nos EUA e mira a exportação dos novos biocombustíveis para o mercado da América do Norte e, eventualmente, da Europa.

“Nova visão” para a distribuição de combustíveis

Além dos Emirados Árabes Unidos, o presidente da Petrobras também esteve na Arábia Saudita, onde se reuniu com o presidente da estatal saudita Saudi Aramco, Amin Nasser.

Diz ter proposto a Nasser a análise conjunta de oportunidades nos mercados de combustíveis na América Latina e Caribe.

Recentemente, a companhia saudita entrou no segmento na região com a compra da distribuidora de combustíveis chilena Esmax, que já teve participação acionária da Petrobras no passado.

A estatal brasileira deixou o segmento de distribuição com a privatização da BR Distribuidora em 2021, movimento que é criticado por Prates, desde os tempos de senador, pelo PT do Rio Grande do Norte.

“Falamos também sobre a possibilidade de juntar esforços na concepção de uma nova visão do mercado revendedor e distribuidor de combustíveis e lubrificantes, ante a evolução da eletrificação das frotas e maior participação do gás e dos biocombustíveis nas matrizes de transporte desta região”, escreveu Prates nas redes sociais.

A parceria com a Aramco pode envolver também intercâmbio de profissionais para capacitação e colaborações entre os centros de tecnologia e inovação de ambas as empresas.

Nos últimos dias, o presidente da Petrobras visitou ainda o Kuwait, onde teve reuniões com os CEOs da Kuwait Petroleum (KPC), da Petrochemical Industries (PIC) e da Kuwait Foreign Petroleum Exploration (Kufpec), que deve abrir uma subsidiária no Brasil, segundo Prates.