Internacional

"Não há mais um mercado global de petróleo", diz CEO da TotalEnergies

Para Patrick Pouyanné, sanções à Rússia contribuem para criar um mercado "cinza", paralelo, na indústria petrolífera

"Não há mais um mercado global de petróleo", diz CEO da TotalEnergies. Na imagem: CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, durante o World Economic Forum 2020 (Foto: Sikarin Fon Thanachaiary/WEF)
CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanné (Foto: Sikarin Fon Thanachaiary/World Economic Forum)

RIO — As sanções ocidentais contra a Rússia estão dividindo o mercado global de petróleo e contribuindo para o crescimento de um “mercado cinza” — paralelo — e para a valorização dos preços da commodity, avalia o presidente da TotalEnergies, Patrick Pouyanné.

“Não há mais um mercado mundial de petróleo. Essa é a grande lição do que está acontecendo”, afirmou o executivo a investidores, na quarta-feira (8/2).

Pouyanné destacou que a indústria global ainda não avaliou todas as consequências do que ele chamou de crescimento dos “mercados cinzas”.

As sanções redesenharam os fluxos do comércio internacional. O petróleo bruto russo se deslocou da Europa para a Ásia — sobretudo para Índia, China, Emirados Árabes Unidos e Egito.

Para aprofundar:

Pouyanné crê em petróleo de volta aos US$ 100

O presidente da petroleira francesa crê num possível retorno dos preços do barril para além dos US$ 100.

“Do nosso ponto de vista, há mais suporte para um preço superior a US$ 80 do que para um preço mais baixo”, comentou.

Na manhã desta quinta-feira (9/2), o Brent operava em torno de US$ 84 o barril.

Ontem, subiu 1,67%, a US$ 85,09 o barril, influenciado pela expectativa por maior demanda da China, e apesar do aumento acima do esperado nos estoques nos EUA.

Sanções têm efeitos limitados sobre a Rússia

Em resposta à invasão russa à Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, a União Europeia impôs sanções à importação de petróleo e derivados da Rússia.

Já o G7 anunciou um preço-teto aos produtos russos, de US$ 100 o barril para derivados como diesel, combustível para aviação e gasolina, e US$ 45 por barril para produtos com desconto, como óleo combustível.

Entretanto, esses limites não afetam gravemente as refinarias russas, na avaliação da Wood Mackenzie.

Em alguns casos, a consultoria acredita ser possível que produtores da Rússia exportem até com margens de US$ 20 a US$ 30 por barril.

Produtos russos buscam novos mercados

O desafio para os refinadores russos será encontrar compradores novos e mais distantes para substituir os produtos que antes tinham como destino a Europa.

De acordo com a S&P Global Commodity Insights, a Ásia se prepara para receber os derivados russos que deixarão de ir para a Europa a partir deste mês.

Países asiáticos, como a Índia, também devem aumentar as exportações à Europa.

Em 2021, a Europa importou 750 mil barris/dia de petróleo russo. A expectativa é que apenas parte desse volume seja desviado para a Ásia.

Refinadores da Rússia precisarão encontrar mercados também na América do Sul — inclusive o Brasil — e na África.