Meio ambiente

Ibama irá reavaliar Plano de Proteção à Fauna da Petrobras na Foz do Amazonas

Em reunião no dia 16 de julho, órgão ambiental se comprometeu com avaliação de adequação do plano

Ibama reconhece avanços em propostas da Petrobras e irá reavaliar Plano de Proteção à Fauna (PPAF) na Foz do Amazonas. Na imagem: Na imagem: Sede do Ibama (Foto: Divulgação)
Sede do Ibama (Foto: Divulgação)

BRASÍLIA – O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) reconheceu avanços na proposta de adequação do Plano de Proteção à Fauna (PPAF) e considerou válida a iniciativa da Petrobras de incrementar a proposta. O órgão informou que irá avaliar se a adequação atende aos requisitos de tempo de atendimento e procedimentos estabelecidos pelo Manual de Boas Práticas para Manejo de Fauna Atingida por Óleo.

A Petrobras também reforçou posição ao Ibama de que não reconhece a necessidade de anuência, nesta fase do processos, pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) quanto às operações de sobrevoo no aeródromo de Oiapoque (AP) como requisito obrigatório para a obtenção da licença ambiental.

As informações constam no processo e dizem respeito à ata da reunião realizada entre Ibama e Petrobras no dia 16 de julho. Nela, o órgão ambiental relata que o PPAF foi um dos elementos do projeto considerados na decisão de indeferimento da licença de operação do empreendimento e que acordou com a petroleira o recebimento de apresentação formal de melhorias na proposta de proteção à fauna.

Quatro pendências foram apontadas para a aprovação do PPAF, dentre as quais estão a realização de capacitação das equipes que atuariam no Centro de Reabilitação de Fauna; a conclusão das adequações do espaço físico do Centros de Reabilitação e Despetrolização (CRD) de Belém; a habilitação da instalação como centro de manejo de fauna silvestre; e vistoria técnica a ser realizada pelo Ibama.

Durante a reunião em julho, a autarquia já sinalizou a pertinência de eventual vistoria às novas instalações, uma vez finalizadas.

A Petrobras considera que, mesmo sem haver previsão de toque de óleo na costa do Brasil pelos estudos de modelagem de óleo desenvolvidos para o projeto, “as ações de resposta descritas ao longo do PPAF anteriormente apresentado ao Ibama já atendiam plenamente e superavam as premissas e critérios técnicos estabelecidos pelo órgão no Manual de Boas Práticas”.

Impacto de sobrevoos e papel da Funai

Um ponto levantado no licenciamento diz respeito ao sobrevoo de aeronaves sobre as populações indígenas do Oiapoque (AP). O Ibama remeteu a questão para que a Funai se manifestasse.

A licença diz respeito à perfuração de poço a 175 km da costa do Amapá. A Petrobras alega não haver presença de unidades de conservação próximas, terras indígenas ou povos isolados.

Alega, também, que utilizará o aeródromo de Oiapoque dentro da capacidade já estabelecida e sem necessidade de ampliação. A empresa disse que elevou a altitude e distanciamento das rodas das aeronaves de modo a mitigar possíveis incômodos. Todas essas adequações constam no pedido de reconsideração do indeferimento do processo, protocolado em 23 de maio de 2023.

A estatal cita “ofensa à liberdade econômica” e recorre ao direito de “receber tratamento isonômico de órgãos e entidades da administração pública”. Em carta ao Ibama, sustenta que o aeródromo está em situação regular na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), podendo qualquer empresa requisitar autorização para utilizar a instalação.

A Petrobras defendeu que o barulho das aeronaves não configura como impacto direto da atividade de perfuração, mas da operação do aeródromo de Oiapoque, que teve o licenciamento conduzido pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Amapá (Sema/AP).

A Sema respondeu ao Ibama que, independentemente do projeto da Petrobras, o aeródromo já se encontra em operação e tem as suas atividades realizadas por diversas finalidades, como uso das Forças Armadas e empresas privadas. A licença foi emitida em 2022 e tem validade de seis anos.

Parecer técnico do Centro de Geoinformação da Sema levou em consideração a resolução nº 4/95, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que estabelece as Áreas de Seguranças Aeroportuárias (ASAs). O texto considera um raio de 20km para a área de atividade licenciada, mas não aborda a questão de povos indígenas.

O órgão do governo do Amapá considera que a resolução não faz qualquer alusão acerca de autorizações ou anuências de terceiros para as ASAs. E que entende-se não ser necessária a exigência de anuência da Funai.

Pressão do MPF

Na semana passada, o Ministério Público Federal (MPF) no Amapá cobrou do Ibama uma resposta – em três dias – sobre o pedido de reconsideração feito pela Petrobras no licenciamento para exploração do FZA-M-59, em águas profundas na bacia da Foz do Amazonas.

A posição contrária à exploração de óleo na região é antiga. O MPF havia recomendado o indeferimento da licença, o que ocorreu em maio de 2023. Na sequência, manteve a posição contra o recurso da Petrobras.

Trata-se de uma recomendação. O Ibama informou que ainda está avaliando tecnicamente o recurso e, portanto, não pode afirmar se acatará ou não. O MPF se manifesta contra o projeto desde 2017. O presidente do órgão, Rodrigo Agostinho, decidiu dar publicidade aos documentos do MPF na segunda-feira (29/7).