A prioridade do BNDES é atuar na promoção e estruturação dos projetos de infraestrutura de escoamento de gás natural offshore, com foco nas Bacias de Santos e Campos. “Se o banco conseguir reduzir a sua participação [no financiamento dos projetos], significa que a gente vai fazer o mesmo para outros segmentos de infraestrutura”, afirmou Fábio Abrahão, diretor de Infraestrutura, Concessões e PPPs do BNDES, nesta terça (26), na epbr gas week.
“A gente não tem uma diretriz que precisamos financiar. Ou seja, se houver capital disponível para substituir o capital [do BNDES] a gente maximiza o uso do balanço do banco”, afirma.
Fábio Abrahão explica que existe um conflito natural entre as operadoras offshore concorrentes, na hora de analisar investimentos conjuntos em infraestrutura – daí a importância de existir um agente neutro na estruturação dos projetos.
“As conversas, em um mercado dinâmico, estabelecido, se dão com base na concorrência, na precificação. Em um mercado em formação [caso do escoamento de gás] (…) esses conflitos de interesse naturais não têm um ambiente de mercado, pronto, para serem resolvidos”, afirma.
Um modelo avaliado pelo BNDES é a formação de Sociedades de Propósito Específico (SPEs) para operar novos hubs de escoamento de gás natural das bacias de Santos e Campos, com múltiplos clientes. O banco lançou esta semana o estudo Infraestrutura para Gás Natural (.pdf).
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Rota de gás natural pelo Espírito Santo, para Minas Gerais
O Porto Central, complexo industrial-portuário em desenvolvimento no Espírito Santo, está de olho nos investimentos para escoamento do gás natural, inclusive com possibilidade de interiorização para Minas Gerais. A empresa não opera as estruturas, mas tenta atrair investidores, o que passa pelo licenciamento ambiental para instalação de infraestruturas essenciais, como unidades de processamento (UPGN) e gasodutos.
“Temos um projeto que liga a produção [offshore] e o beneficiamento à demanda mineira [por gás natural], que é muito grande, industrial”, explicou Fabrício Cardoso Freitas, diretor do Porto Central. A ideia é utilizar a concepção de um projeto para construção de um mineroduto ligando Minas Gerais ao Sul do Espírito Santo, cujo licenciamento foi abandonado, para fazer o caminho inverso, transportando gás natural.
O gasoduto em licenciamento tem 550 km de extensão, com capacidade de 30 milhões m3/dia e interliga a cidade de Presidente Kennedy (ES) a Congonhas (MG).
“A gente precisa dessa união. Se você tem uma demanda, tem a justificativa financeira para os investidores tomarem a decisão e, ao mesmo tempo, uma garantia para o financiamento, para o resultado do projeto… Já se tem estudos de longa data para se levar gás para Minas Gerais, porque é uma economia pujante”, explicou Fabrício Freitas.
O Porto Central será construído em Presidente Kennedy, inicialmente voltado para a movimentação de óleo, recebendo navios de grande capacidade como VLCC (Very Large Crude Oil Carrier), mas também grandes cargueiros de minérios, como os navios Valemax.
Em meio à crise econômica causada pela pandemia da covid-19, Fábio Abrahão afirma que a chancela do BNDES colabora para vencer a percepção de risco elevada por parte dos bancos na análise de crédito e que o problema para os projetos de infraestrutura não é falta de recursos para financiamento, graças às medidas de estímulo à liquidez promovidas no Brasil e em outros países.
“Há bastante interesse do ponto de vista do investidor privado”, conclui.
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