Meio ambiente

Margem Equatorial: Que petroleiras ainda têm concessões de óleo e gás na região?

Ao todo, 14 diferentes empresas atuam em 42 blocos exploratórios sob concessão na região

Foz do Amazonas: estudos propostos por área ambiental estão parados há três governos
Mapa da Margem Equatorial: blocos em águas profundas estão distribuídos em bacias entre o Amapá e o Rio Grande do Norte (fonte: Petrobras)

RIO — As petroleiras têm enfrentado, historicamente, dificuldades para obter autorizações para perfurar na Margem Equatorial brasileira, devido à sensibilidade ambiental da região, localizada na costa do Norte e Nordeste do país. 

A Margem Equatorial é vista como uma nova fronteira exploratória promissora por causa de descobertas realizadas nos países vizinhos, como Guiana e Suriname, e é uma das principais apostas para que o Brasil reponha suas reservas, com o declínio esperado do pré-sal nas próximas décadas.

Atualmente, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), há 42 blocos exploratórios sob concessão na Margem Equatorial, com participação de 14 diferentes empresas.

Confira abaixo a estratégia de cada companhia para a região:

Petrobras

A companhia quer ser a primeira a iniciar a exploração em águas profundas na região. 

O plano de negócios 2023-2027, atualmente em revisão, prevê a perfuração de 16 poços, com investimentos estimados em quase US$ 3 bilhões em cinco anos na Margem Equatorial. 

Os trabalhos começariam justamente com a perfuração do poço na costa do Amapá, cujo licenciamento foi barrado pelo Ibama nesta quarta (17/5).

A estatal brasileira acredita que os ativos podem ajudar a repor as reservas de petróleo que estão sendo consumidas nas Bacias de Campos e Santos. 

Ao todo, a Petrobras opera:

  • cinco blocos na Bacia Potiguar;
  • três na Bacia do Pará-Maranhão;
  • seis na Bacia da Foz do Amazonas;
  • e três na Bacia de Barreirinhas, onde também tem participações minoritárias em outras quatro áreas.

Na Bacia Potiguar, a Petrobras já tem uma descoberta, conhecida como Pitu. A companhia indicou que pode perfurar um novo poço nas proximidades dessa descoberta. 

Shell

Opera dez blocos na Bacia de Barreirinhas e um na Bacia Potiguar, onde também tem participações minoritárias em outros dois ativos.

A companhia já indicou que tem interesse na região, a depender de avaliações econômico-financeiras.

Publicamente, o presidente da Shell, Cristiano Pinto da Costa, tem classificado as decisões sobre a liberação para perfurações na Margem como “estratégicas”. 

TotalEnergies

A empresa francesa tem apenas uma participação minoritária remanescente em um bloco na Bacia de Barreirinhas.

Em 2018, a companhia teve um pedido para perfurar na Foz do Amazonas negado pelo Ibama, que alegou que a companhia não apresentou soluções logísticas adequadas para eventuais cenários de emergência.

Desde então, a TotalEnergies reduziu a presença que tinha na região e fechou um acordo com a Petrobras para que a brasileira assumisse a participação da francesa em cinco blocos na Bacia da Foz do Amazonas. 

BP

Opera um bloco em Barreirinhas, além de ter outras duas participações minoritárias em concessões na mesma bacia.

Em 2017, a companhia chegou a anunciar que estava preparando a logística para perfurar em um bloco na costa do Pará, mas não seguiu adiante. 

De modo similar à TotalEnergies, a BP também optou por se desfazer de seis ativos que tinha em parceria com a Petrobras na Foz do Amazonas e cedeu suas participações no consórcio à estatal brasileira em 2021. 

Galp

Tem participações minoritárias, de 10%, em quatro blocos na Bacia de Barreirinhas. A companhia é sócia da Petrobras em todas as áreas.

O presidente da Galp no Brasil, Daniel Elias, afirmou que a empresa optou por manter os ativos no portfólio por acreditar no potencial desses blocos. 

Enauta

A empresa opera dois blocos na Bacia do Pará-Maranhão e um na Bacia de Foz do Amazonas. Há a previsão da perfuração de um poço exploratório no bloco PAMA-M-337.

Segundo a companhia, as atividades já realizadas nessas áreas, incluindo estudos sísmicos, indicam a presença de óleo leve.

A Enauta chegou a abrir processos de venda para atrair parceiros para as concessões, mas as discussões não seguiram adiante. 

PRIO

Opera dois blocos na Bacia da Foz do Amazonas, ativos que foram herdados na compra da Brasoil, em 2017. O bloco FZA-M-539 tem uma descoberta de gás natural em águas rasas, conhecida como Pirapema. 

A área tem dois poços perfurados e estimativa de um potencial de reservas de até 28 milhões de m3 de gás.

Já o bloco FZA-M-254 é um ativo de óleo e, segundo a empresa, está em fase de estudos para avaliação de potencial e programação de perfurações. 

Murphy

É operadora de três blocos na Bacia Potiguar. As áreas foram arrematadas na 15ª Rodada, em 2017, em parceria com a Wintershall DEA, mas a Murphy assumiu 100% das concessões por meio de um acordo, assinado em 2019.  

A Murphy avalia a perfuração de um poço exploratório na região. A empresa aposta na proximidade das áreas com a descoberta de Pitu, realizada pela Petrobras na Bacia Potiguar.

3R Petroleum

Opera um bloco na Bacia de Barreirinhas, herdado na fusão com a Ouro Preto Óleo e Gás. De acordo com a empresa, a maior parte do programa exploratório mínimo da área já foi cumprido. 

Chariot

Opera três blocos na Bacia de Barreirinhas. Em 2017, a companhia indicou a intenção de perfurar na região, mas informou que as atividades prosseguiriam apenas depois da busca de sócios para dividir os investimentos.

Até hoje, a Chariot segue com 100% das concessões que detém na região. 

Sinopec

Tem participações minoritárias, de 20%, em dois blocos na Bacia do Pará-Maranhão, onde é parceira da Petrobras. 

Mitsui E&P

Tem participação minoritária, de 10%, em quatro blocos na Bacia de Barreirinhas, onde é sócia da Shell e da Aquamarine

Aquamarine Exploração

Tem participação minoritária, de 25%, em quatro blocos na Bacia de Barreirinhas. O consórcio detentor das áreas é formado ainda pela Shell e pela Mitsui E&P. 

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