O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), afirmou nesta sexta (27) que a Câmara deve votar até a semana de 12 de novembro a “PEC paralela da cessão onerosa”, que é o trecho da PEC original relativo à divisão dos recursos do bônus de assinatura entre estados, municípios e União.
Maia defendeu que o texto não sofra alterações na Câmara, e seja aprovado com os mesmos percentuais de divisão aprovados pelo Senado.
A nova PEC foi enviada pelo Senado à Câmara ontem (26). A redação prevê a destinação de 15% do bônus de assinatura a estados, outros 15% a municípios e também a destinação de 3% do bônus ao Rio de Janeiro, como estado confrontante da área de exploração.
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O leilão do excedente da cessão onerosa está previsto para 6 de novembro, mas Maia afirmou não ver problema em aprovar a nova PEC após esse prazo, uma vez que o pagamento está previsto apenas para 27 de dezembro. o presidente da Câmara dos Deputados participou de evento na Fundação Getulio Vargas, no Rio.
Semelhante à tramitação prevista originalmente na PEC 98, a nova PEC precisará ser admitida pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, para então ter seu conteúdo debatido em uma comissão especial. Apenas depois disso o texto irá para votação no plenário da Câmara. Caso haja modificação no texto original, que já foi aprovado no Senado, a matéria voltará ao Senado uma segunda vez para nova votação.
Aureo Ribeiro busca relatoria
Ao longo desta semana, Deputados afirmaram ao Político, serviço exclusivo para assinantes da agência epbr, que o deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade/RJ) tende a ser o relator da nova PEC.
Com o desmembramento da PEC, os deputados ganham mais tempo para negociar uma nova forma de distribuição dos recursos sem impedir a realização do leilão dos excedentes. Caso a concorrência fosse adiada, os estados e municípios também perderia a chance de receber os recursos este ano.
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Linha do tempo
2018 — Governo Temer tenta aprovar as medidas necessárias para realização do leilão dos excedentes da cessão onerosa. Durante a transição do governo Bolsonaro, contudo, Paulo Guedes coloca em pauta a possibilidade de ratear o bônus com os estados, parte da campanha “mais Brasil, menos Brasília”. Tramitação é interrompida e recomeça em 2019.
abril/2019 — CNPE aprova aditivo do contrato original da cessão onerosa e pagamento de US$ 9 bilhões para a Petrobras. Fica decidido que recursos sairá do bônus de assinatura, mas não há previsão orçamentária. Junto com a promessa de ratear o bônus com os estados, consolida-se a necessidade de uma nova PEC.
junho/2019 — Câmara aprova PEC da cessão, mas sem discutir rateio do bônus. Responsabilidade fica com o Senado, onde Cid Gomes (PDT/CE) assume a relatoria do projeto e chega a um “consenso” — divisão pelas regras dos fundos de participação dos estados (FPE) e municípios (FMP). Agrada estados menores, notadamente bancadas do Norte e Nordeste.
setembro/2019 — Na data limite, 6 de setembro, CNPE promove novas alterações nas regras do leilão e ANP publica edital. Foi costurado acordo com o TCU para antecipar demandas do tribunal — que precisa aprovar o leilão.
— Senado aprova, em dois turnos e por unanimidade, relatório de Cid Gomes. Rio de Janeiro garante, no dia da votação, recursos adicionais de R$ 2,2 bilhões. Texto passa com votos favoráveis, mas sob críticas, em especial da bancada de São Paulo.
— Paulo Guedes, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre chegam a acordo para desmembrar a PEC 98 e promulgar o trecho que autoriza a União a dividir parte dos bônus para estados e municípios. Fórmula de rateio será discutida em novo texto. Congresso Nacional ainda precisa aprovar PLN para autorizar pagamento de US$ 9 bilhões à Petrobras, pela revisão do contrato da cessão onerosa.
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As contas do rateio
O que já foi: 30% a 40% para estados e municípios, que representariam um aporte de até R$ 42 bilhões nas contas dos entes federativos.
Como está: primeiro a União paga os US$ 9 bilhões à Petrobras (cerca de R$ 36 bilhões). Dos cerca de R$ 70 bilhões restantes, 30% são distribuídos entre estados e municípios por meio dos FPE e FPM. Rio de Janeiro, o produtor, ganha adicional de 3%, faturando um extra de R$ 2,2 bilhões. Todos os valores levam em conta a contratação das quatro áreas a serem ofertadas — Atapu, Búzios, Itapu e Sépia.
O que é discutido: novos incrementos no rateio, sem mudar a parcela destinada a distribuição pelas regras do FPE e FPM, para atender a demandas dos estados mais ricos. Fala-se em um adicional de R$ 4 bilhões, a ser distribuído tendo como base a compensação pela desoneração de ICMS sobre exportações. Deputados também discutem aumentar a parcela, exclusivamente para os municípios.